Ah, a adolescência… Esse período cheio de dúvidas, angústias e paixões, temperado pela incompreensão dos mais velhos. Também é a época das loucuras, dos grandes sonhos e descobertas na vida e no amor. E é nessa etapa da vida que se encontram Leonardo (Ghilherme Lobo), sua melhor amiga Giovana (Tess Amorim) e o novo garoto da escola, Gabriel (Fábio Audi), os personagens principais do filme brasileiro mais adorável de 2014.
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho é um longa-metragem escrito e dirigido por Daniel Ribeiro. A história é baseada no curta Eu Não Quero Voltar Sozinho (2010) do mesmo diretor – que já passou das 3 milhões de visualizações no Youtube, assista aqui – sobre um garoto cego que se apaixona pelo seu colega de classe. Quem viu o curta já conhece os personagens principais do longa, mas agora com um tempo de tela maior para conhecermos a vida dos protagonistas e uma “nova” história de amor.
Leonardo ganha novas cores com o acréscimo da família – pai, avó e uma mãe superprotetora – e o desejo de viajar para um lugar onde tudo seja diferente. Giovana vai além do papel da amiga de infância e sabemos mais sobre os seus sentimentos com relação ao melhor amigo e Gabriel, que também ganha mais profundidade.
Se o filme de Daniel Ribeiro fosse um mangá, cairia facilmente na categoria das histórias que tratam do ‘Hatsukoi’, o primeiro amor.
Uma brincadeira que fiz com minhas amigas quando fomos no cinema assistir ao filme, era de que o roteiro de Hoje Eu Quero Voltar Sozinho lembrava o de uma fanfic colegial com todos os seus clichês. Está tudo ali: o garoto transferido repentinamente, a turminha idiota que adora pregar peças nos outros, a festa da garota popular, a viagem da turma da escola, a garota popular que surge como uma ameaça ao casal, a amiga de infância ciumenta… Não que isso seja ruim. Um clichê só é uma má ideia quando não sabem o que fazer com ele.
O mérito do filme está nos detalhes da direção e nos personagens convincentes. Leo aprende sobre o primeiro amor sem nunca ter visto o rosto de ninguém, então tentamos enxergar a descoberta desse sentimento da maneira dele. O foco passa a ser a voz sussurrada no escuro do cinema e no toque do menino ensinando um cego a entender o que é um eclipse.
Como já se passaram três os anos desde o lançamento do curta, a história ganhou contornos mais maduros, a sexualidade dos personagens e o bullying passam a fazer parte da narrativa. E os atores também ficaram mais velhos.
Outro detalhe que não passa despercebido são os olhares dos personagens que denunciam os sentimentos não ditos. Está na cara que a Giovana nutre algo além da amizade pelo melhor amigo e o olhar do Gabriel vendo o Leo tomar banho revela muita coisa. São essas cenas que mais transmitem emoção ao telespectador.
Hoje Eu Não Quero Voltar Sozinho é um daqueles filmes que valem a pena tanto pela qualidade da história quanto pelo sorriso no rosto que ganhamos no final da história.
Com vontade de assistir? O filme já está disponível para compra no iTunes e na Google Store. Também há uma versão “pirata oficial” a venda no site da produtora (lacunafilmes.com.br) e custa apenas 10 reais. A versão tradicional, com extras e em Blu-ray, chega nas lojas no final do ano.
Curiosidades:
– O título original do filme era “Todas as coisas mais simples”, mas o foi considerado genérico e, após o diretor conversar com a produção, foi alterado para o nome atual.
– Entre os prêmios acumulados até agora estão o FIPRESCI (Federação Internacional de Críticos de Cinema), o Teddy Award (categoria que elege os melhores filmes com temática queer), recebidos no Festival Internacional de Berlim. E também o prêmio de melhor roteiro no Skip City International D-Cinema Festival, realizado no Japão.
– A música que o Gabriel mostra para o Leonardo no início do filme é “There’s Too Much Love”, da banda Belle & Sebastian. Ela tambem é a cancão que toca no trailer.
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