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Entrevista com Hinako Takanaga – parte 2

Entrevista com Hinako Takanaga - parte 2

Parte 2 da entrevista com a mangaká Hinako Takanaga, no Yaoi-Com 2010!

Lembrando que é uma tradução da entrevista original feita pelo site The Yaoi Review.

Fiquem atentos para a terceira parte, que será traduzida assim que for disponibilizada! ^^


Jenny: Tenho algumas perguntas que são mais sobre o processo de desenho. Os fãs perguntaram quanto tempo se demora em média para terminar uma página de mangá normal ou, se for mais fácil de responder, quantas páginas por semana ou por mês você consegue fazer normalmente?

Sensei: Se você fosse contar tudo, desde deixar os storyboards e todo o resto prontos para depois fazer o produto final, eu diria que umas 30-32 páginas demoram umas duas semanas para ficarem prontas.

Normalmente 32 páginas é o que a revista pede por mês, mas tem vezes em que o artista está trabalhando em duas revistas em um mês, então fica 32 aqui e 32 lá, porque 30 páginas é o tamanho típico de um capítulo serializado numa revista.

Jenny: Gostaria de saber como você consegue trabalhar em mais de uma história por vez, tenho certeza que é difícil. Você faz um e depois o outro, ou trabalha com os dois ao mesmo tempo?

Sensei: Você tem razão; é difícil trocar de um pro outro. Uma coisa que eu faço quando estou trabalhando em dois projetos de uma vez é… Bem, pessoalmente, esqueço as coisas muito facilmente, então tem isso. Também tem o fato de, se eu faço o capítulo de um projeto e depois tenho que fazer o capítulo de outro, sempre volto a ler o capítulo anterior pra me lembrar de tudo e onde parei. Depois eu passo a fazer os contornos do storyboard e escrevo as páginas finais e isso já me bota no clima de novo. Então, não é como se eu pensasse constantemente no outro projeto enquanto trabalho naquele. Eu costumo me focar bastante em cada um.

Jenny: Você já teve que se censurar depois de escrever ou desenhar algo que você sentiu que fosse um pouco “quente” demais pra história?

Sensei: Em termos de edição e coisas assim, sempre tem a fase do storyboard, que vem antes e durante esse processo é que eu vejo o que vai funcionar e o que não vai. Eu reviso tudo então quando chego na fase em que tenho que desenhar realmente, não tem nada que eu tenha que apagar ou deixar de lado.

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[As partes abaixo contém spoilers do volume 4 de The Tyrant who falls in love]


Sensei: Teve um episódio no volume quarto de Tyrant, em que eu estava muito na dúvida. Houve um incêndio e eu não sabia se estava tudo bem deixar o uke salvar o seme ou se o Morinaga deveria ir ajudar o personagem “tirano” e eu fiquei muito, muito na dúvida. Perguntei aos meus supervisores, meus editores, mas ai pensei em qual seria mais estilo “BL” e acabou tendo que ser assim mesmo, o uke salvando o seme. Então ficou assim e, no final, fiquei feliz com isso.

Jenny: Que bom… Essa foi uma ótima resposta. *rindo*

[O tradutor pergunta se ela tivesse deixado o seme salvando o uke, como ficaria?]

Sensei: Uma coisa que me preocupou muito nessa cena e me deixou pensando bastante é que, se eu tivesse deixado o seme salvar o uke, se eu deixasse o Morinaga entrar poderíamos ter tido um daqueles momentos de clareza onde o Tatsumi pensa: “uau… eu posso morrer aqui”, e isso faz com que ele pense melhor sobre tudo relacionado ao Morinaga. E aí quando ele vê o Morinaga salvá-lo, ele sente algo em seu coração e fica tipo “ah, ele veio… ele veio me salvar”. Achei que isso pudesse ser interessante, por isso pensei bastante em seguir por este caminho e explorá-lo, mas no final decidi que seria melhor fazer do outro modo porque seria mais BL.

[FIM DOS SPOILERS]

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Jenny: Essa é uma pergunta de fã e me faz rir um pouco, mas vou perguntar assim mesmo. Você fica envergonhada quando tem que desenhar cenas íntimas de amor?

Sensei: Quando eu desenho cenas de pessoas, sabe, “se pegando”, é apenas meu trabalho porque meu objetivo é fazer aquilo o mais erótico possível. É então que entro em “modo de negócios” onde eu fico: “ok, qual tonalidade é melhor pra expressar isso, qual é melhor pra aquilo, o que vai tirar uma reação do leitor?”. Então não faço isso pensando “Ooohhh! Eles estão fazendo aquilo!! Eles estão transando!”

Como posso fazer as pessoas se interessarem? Quando eu começei, meu estilo era bem shojo mangá, então eu não costumava me ver como alguém que tem esse tipo de apelo erótico porque era tudo bem shojo. Mas eu adorava ler coisas meio eróticas então um dia eu disse, sabe o que mais? Eu vou tentar fazer isso! Mesmo que minhas coisas fossem meio shojo e eu não sentia como se fosse meu estilo, eu lutei contra isso e resolvi que ia fazer de qualquer jeito. Ai eu percebi que, se aquilo deixa as pessoas felizes, então é isso que eu quero fazer e foi assim que comecei a desenhar cenas mais “íntimas” de sexo.

Teve uma vez que um dos meus editores na Kadowaka disse que eu era a líder erótica do momento. Que eu era a nossa “maior pervertida”. Isso foi porque teve uma ocasião em que a revista fez uma edição especial em que você tinha que cortar a página pra conseguir abrir. É um tipo de marketing em que, se as pessoas quiserem ler a revista, elas tem que comprar pra poder cortar e abrir.

Jenny: Ahh… Pra ver a parte boa?

Sensei: Bem, o tema era recém-casados e como era esse tipo de revista, é claro que eu ia fazer meu desenho o mais pervertido possível. Então, eu recebi a revista, assim como todo mundo, porque todos lá contribuíram com seus desenhos. Eu desenhei dois rapazes numa banheira, sabe, em sua noite de núpcias. Eu olhei pros desenhos dos outros e alguns estavam cozinhando juntos pela primeira vez, se beijando e dando adeus… E olhei aquilo e pensei “Meu Deus! O que foi que eu fiz!”. Ai meu editor me chamou e disse, “Ei, Takanaga… Bom trabalho!”. Foi um bom momento, mas naquela hora eu fiquei um pouco envergonhada.

Jenny: Ah, aposto que sim. Mas tudo bem… Nós gostamos.

Sensei: “Parabéns! Você é uma ótima pervertida!”

Parte 3 por vir!! o/



Sobre Anna

Fã de yaoi desde 2004 e compradora compulsiva de mangás! Ver todos os tópicos de Anna

6 Comentários a Entrevista com Hinako Takanaga – parte 2

  1. Aline Barbosa

    Morri de rir com o "Meu Deus! O que foi que eu fiz!" dela. HAUHSUHAushUHAUHSUhaushUAHs

    Gente, ainda bem que ela é assim… A pootarias dela são sempre ótemas. xDD

    Enfim, já disse várias vezes que amo saber como é o processo de criação dos mangakas. Adoro entrevistas assim. *0*

  2. Hahahahahahah, eu adoro essa parte da entrevista, obrigada, Anna!! Meu trecho favorito é quando o editor fala "ei, Takanaga… bom trabalho!" LOL

    E ela é bem rapidinha, hein, 30 páginas em 15 dias é uma marca excelente. Quem dera!

  3. Vampaya

    Eu ri demais no trecho final dessa parte xD Ótimas perguntas. Sempre quis saber das autoras se elas se envergonhavam com os desenhos delas próprias. Muito engraçada as respostas da Takanaga sensei hehe

  4. Eu também achei essa parte da entrevista muito engraçada XD Pena que foi tão curtinha! Fiquei imaginando o editor dela, naquele estilo chibi, com o polegar levantado e piscando: BOM TRABALHO!!

    Gente, mas eu nem acho os mangás dela tão pervertidos assim…. Acho bem suaves… ahuahuauha será que eu que sou a perva afinal?

    • ahahahaha, acho que ela se sentiu assim em comparação com as outras histórias. Se bem que eu acho Tyrant bem pesadinha, pode não ser a coisa mais explícita e suja do mundo, mas é bem focada no erótico.

  5. Adorei! Também morri de rir com o final, muito bom! Só fiquei imaginando a cena 😀 Que bom que ela é pervertida, graças a isso nós temos Tyrant bem hot MWAHAHAHAHAHAHA.

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