Sendo uma das redatoras do Blyme, parece até estúpido afirmar que leio mangás BL com regularidade. Mas quando se lê muito de um determinado gênero por um longo período de tempo é possível perceber as mudanças ao longo dos anos. Fujoshis mais velhas devem se lembrar dos ombros enormes e cabeças em forma de triângulo de mangás como Zetsuai (1989) e Bronze (1992). As interessadas pelos primórdios do yaoi conheceram as histórias de amor e tragédia sobre garotos estudando em internatos europeus do século XIX, vide O Coração de Thomas (1974) e Kaze to Ki no Uta(1976).
Comparando, a enxurrada de mangás com um traço mais “bonitinho” e que respeitem o mínimo da anatomia humana – Super Lovers (2009), Bukiyou no Silent (2004), Love Stage!! (2010), entre outros – é até recente. Eles são a maioria disponível na web porque foram lançados paralelamente ao avanço da internet e o surgimento de centenas de scanlations pelo mundo. Afinal, é mais fácil ter acesso a um mangá que está sendo publicado agora, e disponibilizar o conteúdo online, do que um título de 20 anos atrás.
Lembrando que ser fã de BL desse lado de cá do globo não é fácil. Não estou me referindo somente ao preconceito, mas todas as questões que envolvem gostar de um nicho de mercado. Poucos mangás BL foram licenciados no ocidente comparado à quantidade que é lançada no Japão mensalmente. E o mercado brasileiro está engatinhando nesse aspecto – não desmerecendo os esforços da NewPop. Dos animes do gênero, dá para contar nos dedos os que possuem o mínimo de qualidade. É necessário, pelo menos, ter conhecimento de outro idioma se você deseja ler algo além dos grandes sucessos, já que a maioria esmagadora dos mangás disponíveis fora do Japão – seja por meios legais ou através de scanlations – está em inglês.
Levando em conta essas condições, seria correto afirmar que existe uma nova tendência dentro do mangás BL? Após encontrar esse texto – “BL’s New Wave” – do blog Otaku Champloo, tive a certeza de que não estava imaginando coisas a respeito de parte da nova leva de mangakás BL que só agora estão chegando aqui no ocidente.
Um grupo de autoras recentes no mundo de mangás Boys Love estão sendo chamadas de a geração “New wave”.
Para terem uma noção mais visual das diferenças entre a new wave e os mangás mais tradicionis, vejam essas três capas:
Olhando essas capas não lhe resta nenhuma dúvida de que esses mangás sejam BL, não é? O uso de cores, a arte, um dos personagens entre os braços do outro. Já dá para saber quem é o seme e o uke só de olhar. Existem centenas de capas iguais a essas. Também não é preciso pensar muito para saber que as fórmulas prontas que deram origem a esses mangás, também deram a muitos outros títulos.
Agora olhem essas aqui:
Perceberam a diferença? Caso vocês nunca tivessem vistos essas capas na vida e não soubessem do que se trata a história, poderiam afirmar com toda a certeza que são mangás BL? Poderiam muito bem se passar por um slice-of-life ou seinen, por exemplo.
Mas nem todas as capas são assim – disfarçadas -, vejam essas aqui:
Essas não escondem que são títulos BL, mas ainda há algo de diferentes nelas. A estética ainda se difere dos mangás mais tradicionais que apresentei antes, é mais limpa, sem flores ou algum outro enfeite. E a dicotomia uke/seme não está clara, não dá para saber só olhando a capa. Para satisfazer a curiosidade, só lendo a história.
Foco nas emoções
A primeira coisa que falaram sobre os mangás desse “movimento” é que não seriam o tipo de histórias que revelam o uke e o seme logo de cara. Também não seria aquela onde os personagens iriam perceber sua ligação especial no momento em que olhassem nos olhos um do outro. Na verdade, dizem que a New Wave do BL possui histórias que de algum modo quebram as expectativas do que se espera com relação ao gênero.
Nas narrativas da New Wave, as autoras nos aproximam dos personagens, expões todas as suas emoções na esperança de que possamos entende-los e nos conectar com suas aflições e conflitos. Não somos mais expectadoras de somente casais de pombinhos apaixonados, agora nós nos importamos com os personagens além do romance. Esse engajamento vem do esforço da autora de tornar as emoções dos personagens mais reais. De repente, nas páginas passam a aparecer questões como a descoberta da sexualidade, transgêneros e até mesmo as repercussões e implicações da homofobia. Toda aquela fantasia cor-de-rosa do yaoi se desfaz (em parte) e passamos a ver pessoas que conhecemos ou situações que passamos através daqueles personagens.
Gosto de dizer que os mangás da New Wave são agridoces. São uma mistura do doce e da fantasia que só o BL pode oferecer com uma colher de sopa das situações amargas que acontecem na vida real.
Enquanto isso parece uma proposta fascinante, não é exatamente algo inédito dentro do gênero. Esses tipos de histórias podem ser encontrados em mangás mais antigos de autoras como Yoshinaga Fumi. Então, o que há de diferente na New Wave? Não estaríamos voltando para o início do yaoi?
Mas quais seriam as características presentes da “new wave” do BL? O termo já foi usado para descrever movimentos artísticos diferentes, do cinema até a literatura. A terminologia “New Wave” geralmente dá nome a um período de grande experimentação dentro do campo, tanto no conteúdo a ser trabalhado quanto na forma.
Segundo esses mesmos críticos, é uma new wave – “nova onda” em inglês – porque essas autoras entraram no mercado mais ou menos no mesmo período. O diferencial dos trabalhos que se apresentaram tanto no roteiro quanto na arte chamou a atenção das leitoras e invadiram as revistas, justamente como uma onda. A diferença delas comparado a autoras como Yoshinaga Fumi é que ela era vista como exceção, uma pérola, no meio do mar do BL. Não que todas as autoras da New Wave sejam pérolas, mas, quando passaram a ser vistas como um grupo na época de 2003-2006, se tornaram uma força a ser reconhecida.
Outro fator importante é que, graças a tecnologia, muitas das mangakás já eram conhecidas na internet por experimentarem métodos digitais na criação de seus trabalhos (lembrando que o processo de criação de um mangá ainda é, em grande parte, manual e requer a ajuda de assistentes). Como elas já eram famosas online graças a seu trabalho, foi fácil recrutá-las para trabalharem nas revistas.
Quem faz parte da New Wave?
Algumas autoras já são relativamente populares no ocidente como Yoneda Kou, Nakamura Asumiko, Rihito Takarai, Natsume Ono e Kusama Sakae.
Entre as mangakás não tão conhecidas aqui – tanto que é complicado achar mangás delas até mesmo em scanlation – estão Kumota Haruko, Shoowa, Yamashita Tomoko, Aniya Yuiji, Bikke, Hideyoshico, Ishino Aya, Ogawa Chise, Psyche Delico, Yamada Nichome e Okadaya Tetsuzoh. A Hayakawa Nojiko é uma autora que gosto bastante, mas não sei se poderia ser encaixada na New Wave porque seu primeiro trabalho foi lançado somente em 2010, no entanto sua arte e suas histórias foram claramente influenciadas por esse grupo. Kunieda Saika – que já ganhou um monte de resenhas e elogios aqui no Blyme – é uma autora que eu não tenha certeza se pode ser incluída porque trabalha com Shoujo e Josei desde os anos 90, mas muito dos seus títulos BL foram publicados durante a época da New Wave e podem ter sido influenciados pela “onda”. É só uma suposição minha e posso estar errada.
Provavelmente deve estar faltando gente na lista.
O interessante é que grande parte dessas autoras são mulheres “mais velhas” para os padrões do mercado, já na casa dos 25 anos. Bem diferente do shoujo, por exemplo, onde muitas mangakás começam a enviar seus trabalhos quando ainda estão na faculdade, antes de completar 20 anos.
E, ao contrário do senso comum de que muitas mangakás BL só trabalham exclusivamente com esse gênero, parte das autoras da New Wave fazem trabalhos que vão muito além do Boys Love. Est Em já fez vários mangás Josei, como o Sono Otoko, Amatou ni Tsuki que tem uma pitada de BL e é uma leitura deliciosa do início ao fim. Nakamura Asumiko já publicou seus trabalhos em várias revistas – de shoujo a seinen –, até mesmo na revista de moda KERA. Natsume Ono é mais conhecida pelo seu Josei Ristorante Paradiso e o seinen histórico House of Five Leaves – ambos já ganharam anime – do que pelos seus mangás BL. Tanto que ela os publica pelo pseudônimo Basso.
(Inclusive a LP&M vai trazer para o Brasil um mangá da Natsume Ono! O nome dele é not simple e recomendo que comprem qualquer coisa vinda dessa mulher. Estou torcendo que para que a editora tenha mais interesse em trazer títulos dela para cá. Vai que rola um yaoi?)
Um movimento BL?
De qualquer forma, em 2007, as artistas da New Wave já haviam causado um impacto tão grande que os críticos afirmaram que elas estavam mudando os parâmetros do Boys Love. Essas mulheres desafiaram o gênero e o exploraram até seus limites, como em antologias tipo Dame BL ou Nakeru BL.
Mas enquanto elas deixaram sua marca, agrupá-las como um ‘movimento’ parece um pouco exagerado. Alguns acreditam que elas deveriam ser consideradas uma revolução porque lutaram contra as “forças do hábito” com sua arte inovadora e histórias fantásticas que eventualmente influenciaram a mente das suas leitoras e, em seguida, o gênero. De repente, está tudo bem em ler histórias sobre amores que não dão certo, porque é possível enxergar o romantismo na miséria dos personagens. De repente, está tudo bem no fato de que nunca veremos os personagens fazendo sexo porque tudo que nós queremos ver é eles finalmente reconhecendo a atração que sentem um pelo outro.
Até certo ponto, é fantástico ver todas as novidades que essas autoras trouxeram para o BL. Mas, ao mesmo tempo, causou uma racha dentro do meio fujoshi que fez com que algumas dissessem “estou cansada disso, eu estou aqui somente pela putaria, quero os meus mangás cheio de sexo!”
Seriam essas fãs menos “progressivas” porque preferem mangás cheios de cena de sexo? Essas fujoshis seriam menos “cultas” que aquelas que gostam dos mangás da New Wave? Algumas pessoas chegaram até a insinuar que essas fãs estariam “num nível abaixo” daquelas que conseguem “entender” as artistas da New Wave. Essa é uma forma maluca de se pensar… Mas fandons parecem amar criar barraco por motivos imbecis, seja aqui ou no Japão.
Soa infantil querer criar esse tipo de diferenciação entre as fãs de BL porque, no fim, somos todas interessadas em ver dois homens se amando. Vai ter dias que vou querer ler mangás em que o casal se forma logo no primeiro capítulo e passam o resto da história transando que nem coelhos (*cof* Ootsuki Miu *cof*). E vai ter momentos que vou querer ler algo diferente, fora dos clichês mesmo que eu não tenha nada contra eles. Julgar as preferências de alguém é uma atitude que não leva a lugar algum.
Acredito que nunca foi intenção da New Wave, ao ser formado como grupo, de que essas autoras fossem separadas do restante do gênero e colocadas num pedestal, como mais “cultas” ou “inteligentes” que as outras. Na verdade as próprias autoras nunca pensaram isso e esse pensamento elitista só surgiu depois que o grupo foi criado. Muitas dessas mangakás inclusive, como Nakamura Asumiko, Yamashita, Aniya Yuiji, Hideyoshico, entre outras, publicam seus trabalhos nas mesmas revistas que lidam com os mangás recheados de putaria mensalmente. A coletânea Dame BL é só o resultado da insanidade delas e o desejo de explorar a loucura que o BL tem a oferecer. Coletâneas como Pink Gold 2 e Erotoro 18 só mostram que elas são capazes de fazer histórias de sexo como qualquer uma. Os esforços dessas autoras em produzir trabalhos foram do comum no BL é mais uma forma de se destacar e ganhar dinheiro dentro de um mercado de nicho.
Talvez seja melhor dizer que a New Wave não é um movimento, mas sim um período ou uma época onde um grande número de autoras exibiu coragem e ousadia em seus trabalhos. Também pode-se afirmar que foi um tempo onde o BL experimentou estilos de arte e temas mais contemporâneos. Muitas artistas, editores e editoras resolveram arriscar e viram as fãs receberem de braços abertos mangás foras dos limites do convencional. Invés da rejeição, foram bem recebidos numa indústria que desafiou convenções sobre quadrinhos voltados para meninas e mulheres desde a sua origem.
O BL já sofreu muitas mudanças nos últimos 40 anos, mas acredito ser ainda cedo para dizer como será o gênero após a passagem da New Wave. Só fico feliz de poder ler mangás que fogem aos clichês do BL. E espero que no futuro tenhamos um gênero muito mais aberto e diverso.
Alguma recomendação?
Aviso que essa lista de sugestões foi feita de acordo com as minhas leituras ao longo do tempo. Não li todos os trabalhos de todas as autoras mencionadas, então se você sentir que está faltando algo é só avisar nos comentários. Quem quiser também pode olhar o final do texto da Khursten Santos do Otaku Champloo e ver as sugestões dela, mas muitos títulos só existem em japonês. E essa lista é exclusivamente BL, mas sugiro que procurem os mangás feitos para outros públicos, principalmente os da Est Em e da Natsume Ono.
Não vou esconder de para vocês: li todos esses mangás em inglês. Mas isso não quer dizer que alguns desses títulos não tenham sido traduzidos para o português através de scanlations. Inclusive vou ser uma boa pessoa e todos os nomes de mangás que estiverem em negrito&itálico são aqueles que encontrei em português em algum canto da internet, então não percam a esperança. E eu também não conheço todos os scans do Brasil então pode ser que existam mangás sendo traduzidos sem eu saber. De qualquer forma, se um título que chamou a sua atenção não tem tradução para o português, tente pedir educadamente aos scans nacionais. (Não achei nenhum scan com planos de traduzir a coletânea Dame BL ou Shinjuku Lucky Hole, por exemplo, então aqui vai meu pedido a algum integrante de scanlation que esteja lendo esse texto).
E para quem quer conhecer os mangás da New Wave do BL recomendo…
Dame BL – Coletânea de oneshots só com autoras da New Wave. O tema poderia ser resumido em “tudo que nossos editores não nos deixariam fazer num BL normal”. Não dá para falar muita coisa, porque cada história é completamente diferente das outras. Tem romances que abordam diferentes épocas, fetiches incomuns, encontros inusitados, que vão da comédia pastelão até a tragédia mais deprimente. (Minhas favoritas foram Be here to love me e LOCAS!)
Yoneda Kou – Provavelmente a autora mais popular dessa lista. Seus títulos estão sendo publicados nos EUA e um mangá dela está prestes a ganhar um filme live-action.
Mangás: Saezuru Tori Wa Habatakanai, Doushitemo Furetakunai, NightS, Soredemo, Yasashii Koi o Suru
Natsume Ono (Basso) – Quem está muito acostumado a mangás mais populares e tradicionais pode se assustar com a arte dessa mulher. O traço tem bastante influências ocidentais então nada de flores ou brilhos aleatórios aqui. As histórias da Basso são curtas e sempre protagonizadas por italianos. Adoro o jogo de luz e sombra que ela cria em algumas oneshots que diz muito mostrando pouco.
Mangás: Kuma to interi, Amato Amaro, Gad Sfortunato
Est Em – O que dizer dessa autora que conheço a tão pouco tempo e já considero pacas? Suas histórias são fruto de uma criatividade encantadora, com personagens de várias nacionalidades (com maioria espanhola) e pra lá de sensuais. Acho que a melhor forma de defini-la seria através do comentário do pesquisador Matt Thorn: “Ela não é uma artista do Boys Love. Ela é uma talentosa contadora de histórias que, por coincidência, escreve histórias sobre homens apaixonados”.
Mangás: Sakuhin Number 20, Equus, Ultras, Age Called Blue, Show ga Hanetara Aimashou, Carmen
Nakamura Asumiko – O rosto da New Wave, na minha opinião. O diferencial da sua arte chama a atenção logo de início, com personagens esguios de olhos mega detalhados que parecem penetrar sua alma. O que mais me impressiona nos mangás dela é a diversidade de temas. Ela consegue trabalhar de forma mágica com os clichês tradicionais do BL – como histórias de amor entre colegiais e professores – tanto como consegue voltar aos arquétipos mais antigos do gênero – sobre estudantes presos em internatos na Europa. Ela vai da comédia pastelão até a tragédia mais angustiante.
Mangás: Doukyuusei, Sotsugyousei, Sora to Hara, Anata no Tame nara doko Made mo (mangás com histórias leves e fofinhas), Barairo no Hoo no Koro, Coponicus no Kokyuu, Double Mints (mangás com histórias mais densas, cheias de angústia e drama)
Kumota Haruko – Virei fangirl dela após conhecer seu trabalho no Dame BL e fui atrás de tudo que consegui dessa mulher. Pena que tem tão pouco traduzido. O que eu gosto do trabalho dela é que ela te fisga com aquela arte meiga e fofa e te apresenta histórias que surpreendem.
Mangás: Shinjuku Lucky Hole, Nobara, Itoshi no Nekkokke
Kusama Sakae – Uma autora que ainda estou descobrindo. Gosto muito da arte dela, mas ainda não consegui cair de cabeça nas suas histórias.
Mangás: Metro Dog, Macchi Uri, Irome, Nikushokujuu no Table Manner, Akegata ni Yamu Ame
Shoowa – Toma lá da cá. Ela tem tanto seus mangás de estudantes colegiais se pegando de todas as formas possíveis quanto histórias que te deixam com a pulga atrás da orelha só de ler a sinopse.
Mangás: Iberiko Buta To Koi, Jin to Neko wa Yobu to Konai, Bokura no Mitsudomoe Sensou, Papa’s Assasin, Non Tea Room
Ogawa Chise – Vou ser sincera e dizer que não sou uma grande fã do trabalho dela, mas não é como se eu pudesse ignorar o sucesso que ela faz. Deixo aqui a lista de alguns mangás e tirem suas próprias conclusões.
Mangás: Ouji no Kotori, Gosan no Heart, Sekai wa Kimi de Mawatteru, Laundry, Kono Ore ga Omae Nanka Suki na Wakenai
Aniya Yuiji – Pouquíssimos trabalhos traduzidos, mas que valem a pena ser lidos. Men of Tatoos foi capaz de destroçar meu coração de cinco formas diferentes e Me o Tojite 3-Byou é um romance que me fez roer as unhas de ansiedade pelo final.
Okadaya Tetsuzoh – Essa é para quem está cansada de personagens bishonens tradicionais. Seus mangás são recheados de homens musculosos e sensuais com tramas que combinam com uma bela taça de vinho. Seu mangá mais popular aqui é o The Man of Tango.
Hayakawa Nojiko – Um dos filhotes da New wave e uma das minhas autoras favoritas. Sua arte é espetacular. Mangás: Endou-kun no Kansatsu Nikki, Hana no Saku Koro, Yoake ni Furu, Kurayami ni Strobe, Yozora no Sumikko de,
Agradecimentos a Sarah (@5hindou) por me recomendar o blog. Sem ela, não teria material necessário para escrever esse texto.
Não adianta quebrar os moldes tradicionais se o mais nocivo de todos, o "estupro do bem", continua sendo algo existente no trabalho delas. O que é frequente sim em boa parte das autoras da new wave. A história título de Bokura no Mitsudomoe Sensou, da Shoowa, aliás, teve uma das cenas mais nojentas que eu já vi, e que me afetou como poucas.
Enfim. Na real eu acho que muito pouca gente vê o problema das autoras mais antigas ser o "foco no pornô", porque todo mundo que gosta de BL gosta sim de ver dois caras transando e não esconde, e porque a new wave não tenta separar sexo da "história de verdade". As autoras novas só estão cansadas dos problemas das convenções tradicionais, e da falta de substância que domina(va?) a maioria das histórias.
Eu concordo com você, e por mais que o "estupro do bem" seja algo nojento. Para algumas autoras isso não parece ser um problema, mas sim um fetiche (e muitas garotas curtem, não todas as fãs de BL). E sim algumas dessas novas autoras por mais que quebrem alguns clichês ainda estão apegadas a esse 'estilo'. Mas tem algumas, que são poucas, autoras da New Wave que não se vê a presença de estupro nas suas obras. Est Em, Hayakawa Nojiko e Natsume Ono por exemplo.
Yoi. Matéria muito legal, ta de parabéns flor! Eu já conhecia algo dessa new wave do BL, mas muita coisa foi novidade 😀 E o comentário especial da Sarh foi tão bom quanto a materia em si. Essa cultuaçao do estupro em BL é repugnante >.<
Ah, e se me permite, o mangá Ultras da Basso (acho) é muito legal.
Alias, acho ate que vi a recomendação aqui no Blyme. Mas posso estar enganada, minha memória é ruuuuim que dói.
É estranho ver que quase todas as minhas autoras favoritas estão aqui kkkkk Amo elas por fugirem do padrão, mas nunca tinha pensado nisso como um movimento. Depois de anos lendo BL, tem alguns clichês que enjoam… se bem que me expresso mal… não é o clichê dos melhores amigos que se apaixonam, do sensei e etc… é a coisa do cair na cama sem a menor profundidade mesmo .-. Nem é o sexo, é a falta de lógica, não quer pwp não seja bom hora ou outra, mas sempre e sempre enjoa! E eu sempre acho que realidade com toque de tragédia é mais duradouro, detestando ou amando você lembra e só de lembrar de algo em um mar de coisas avulsas já é um destaque.
Eu comecei a consumir BL há mais de uma década e por acaso comecei com coisas tristes, por acaso… a primeira lembrança qie tenho é de estar chorando lendo manga no pc ou dias deprimida por causa das tragédias de Kaze to ki no uta, pra mim as fofuras do geral são a exceção!
Enfim, a realidade está ai pra mostrar que há espaço pra tudo que tenha publico que pague por isso. Espero que o BL continue a se expandir e que eu tenha oportunidade de ler obras primas, sejam elas de quais 'ondas' forem.