Bom, donas fujoshi, hoje é o dia Internacional da Mulher (tá quase acabando, mas…) e, antes de tudo, a fujoshi é uma mulher. Por que estou atestando o óbvio?
Porque com certeza as fujoshi já passaram por poucas e boas apenas por serem mulheres. Imaginem vocês rapazes o que uma mulher que gosta de ler histórias sobre gays já não ouviu?
Eu confesso que me meti em muitas discussões sobre o assunto yaoi, em especial nos famigerados tempos do Orkut. E ao invés de ler argumentos contra as minhas ideias, o que eu acabava lendo era o combo básico da agressão às mulheres em geral: “Você deve ser feia, gorda, espinhenta e virgem, precisa de um macho, não tem louça pra lavar”. E claro, às vezes era chamada de “puta”, o que me levava a pensar em como os anti-yaoi não sabiam decidir qual sua opinião sobre a minha vida sexual – que aliás não lhes dizia respeito.
Algumas vezes pensava, erroneamente, que estes rapazes, moças e… tiazinhas, eram meramente homofóbicos, até perceber que isso também era machismo mesmo.
Machismo por acharem que uma mulher não poderia curtir uma história erótica com práticas não-aprovadas por eles e as suas noções de moral. Por usarem de ataques pessoais, sempre supondo que a coisa mais importante para uma mulher é a sua aparência ou o fato de ter ou não um namorado/marido, além de crer que seu comportamento sexual é a medida de seu valor. Por acharem que fazer um personagem se apresentar como gay em uma história era degradante para ele, como se o personagem precisasse de defensores de sua “honra”. Ou como se ter características consideradas “femininas” fosse um sinônimo de inferioridade.
Como diz a Valéria do Shoujo Café, existe um desprezo sobre tudo aquilo que é feito por e para mulheres, e das qualidades tidas como femininas. Custei a perceber isso, mas quando tive este “estalo”, vi que tudo fazia sentido. O desprezo pelo feminino é uma das causas da homofobia e até de algo menos significante, como o ódio às fujoshi.
Queria dizer que eu sei que infelizmente, ainda tem muita mulher machista no mundo… inclusive fujoshi. Aliás, tem muita fujoshi homofóbica no mundo, garotas que se comportam exatamente como aqueles caras “fãs” de lésbicas mas que são contra o casamento gay ou que dizem “gostar de mulher” mas que acham que mulher feia tem que “agradecer por ser estuprada”. Não vou ser hipócrita e dizer que “fujoshi de verdade não é machista nem homofóbica” porque não sou dada a falácias.
Como eu sempre digo, BL e feminismo, BL e causas LGBT nem sempre andam de mãos dadas e definitivamente não são a mesma coisa. Ao meu ver, isto não torna o BL um gênero melhor ou pior. Também a fujoshi que não apoia as causas LGBT não é uma fujoshi melhor ou pior.
Mas um ser humano que não se compadece ao ver a luta dos seus semelhantes por direitos básicos… não pode ser uma boa pessoa! Sei que estou me repetindo, mas quem não leu pode ler agora. E sim, isso é um julgamento de valor… se não gostou, vai reclamar com o pastor Silas Malafaia!
Enfim, cheguei até aqui para falar de assunto que está me incomodando muito desde ontem. Um assunto que pode parecer não-relacionado com o Dia das Mulheres e o machismo ou tudo o que eu disse… mas que tem TUDO A VER.
Isso mesmo, quero falar sobre a posse do pastor Marco Feliciano na presidência da comissão dos Direitos Humanos na Câmara. Acredito que todos vocês estejam cientes do assunto e também das implicações disso, mas vou colar o que escrevi no Facebook:
Venho aqui como cidadã indignada usar este canal para propagar uma causa que acho muito importante: o afastamento do deputado e pastor Marco Feliciano da comissão de Direitos Humanos da Câmara.
O pastor mostrou-se intolerante e preconceituoso contra gays, negros e membros de outras religiões e cultos não-cristãos. Basta uma busca rápida na internet para saber as abobrinhas que este senhor andou propagando… se eu não soubesse melhor, pensaria que era uma encenação, pois extrapola todos os limites do aceitável.
E vou roubar aqui umas palavras da Deneb Rhode, para completar o raciocínio:
“Hoje é o negro, o homossexual, o índio. Amanhã vai ser você: seja por sua crença, seu estilo de vida, sua etnia. Ou por qualquer bobagem, tal e qual não saudar um chapéu ou quebrar um ovo do jeito “errado”
Você pode não ser negra nem gay e pode não querer realizar um aborto, mas não pode ignorar o preconceito manifesto por este sujeito. O que fere os direitos humanos, fere a democracia e nossos direitos de ler o que quisermos, viver como quisermos, amar a quem quisermos. Pode parecer e ser bobagem, mas esse preconceito com certeza vai acabar respingando na gente uma hora ou outra.
Nós conseguimos nos unir quando o assunto é yaoi, também podemos nos unir por outras causas que também nos interessam. As fujoshi estão cansadas de ouvir desaforo, mas isso é fichinha perto da possibilidade de ter direitos negados. Por mais que se diga que o pastor não vai deixar suas crenças afetarem suas ações, dá pra acreditar em alguém que ainda chama a AIDS de doença gay???
Infelizmente, uma postagem no site é só o que eu posso fazer. Gostaria de pedir que todos vocês fizessem o possível para divulgar essa causa, pois é assim que vamos conseguir visibilidade!
Nosso esforço por uma causa como esta pode não fazer de nós fujoshi melhores… mas certamente fará de nós mulheres melhores.
Petição na Avaaz
No to Feliciano in the Human Rights Commission
Ato de Repúdio em São Paulo
https://www.facebook.com/events/496590727072330/
Concordo contigo em gênero, número e grau. Embora não acredite que a petição on-line vá fazer mais diferença do que fez contra Renan Calheiros…
Amei saber que não estou tão sozinha no mundo!!! Grande influência "sua excelência" terá agora… Quando assisti à reportagem, pude ver a cara de "putz, agora a poha ficou séria" daquele Jean Wyllys, vereador.
Quando aquela estudante falou mal dos nordestinos no Twitter, as consequências foram relativamente sérias, mas agora que esse "bendito" pastor expõe abertamente suas opiniões e preconceitos, ele recebe um presente desses. Não sei se essas pessoas veem alguma diferença entre preconceito etnico, religioso, social, sexual, porque, pra mim, todos eles têm o mesmo efeito nocivo, e eu os considero um só preconceito. Parece até que existe um sistema de pesos (rapaz homoafetivo, branco, rico, do sul/sudeste = relativa aceitação social; moça homoafetiva, negra, pobre, nordestina = … melhor nem escrever o que seria). Dificil de aceitar esse tipo de reação diversa pra duas situações tão semelhantes. Sou cearense, só pra constar.
Eu e meu namorado vamos assinar essa petição com certeza!!!!
TANKO DIVA *———-* Só acho que a petição deveria atingir até 1kk concerteza conseguiriamos.
Realmente, isso tudo [situação] é muito revoltante…. Se sinto como se estivesse de mãos atadas =/
Isso tbm é algo que eu nao consigo entender, pessoas machitas existem, mulheres tbm.. mas como alguem que lê esse tipo de material que deveria gerar mais compreensão, pode nao se sensibilizar o minimo que seja por esse tipo de causa? / foi como falaram, simplesmente nao faz sentido querer boicotar os direitos do seu semelhante por opnião propria….