Se “Tiger & Bunny”, o tema de uma das últimas colunas Fujoshi Eye for Anime, é o melhor sinônimo de atualidade no gosto e preferências das yaoi shippers, “Saint Seiya” (ou “Cavaleiros do Zodíaco”), nosso tema desta vez é sinônimo de eternidade, dentro e fora do meio: são pouquíssimos os animes que mantiveram suas legiões de admiradores tão fiéis e apaixonadas ao longo de mais de duas décadas.
Desde sua estreia na revista Shonen Jump, como um mangá com traço para lá de rústico no ano de 1986, Saint Seiya foi atraindo leitores como açúcar atrai formigas, justificando suas dimensões olímpicas e a quantidade enorme de subprodutos. Teve um anime original com mais de 120 episódios, vários OVAs, dois animes derivados, cinco movies, uma novela escrita (Gigantomachia), áudio dramas (considerados hoje como verdadeiras preciosidades), mais três séries de mangás derivados (Episode G, Lost Canvas e Next Dimension—esse último desenhado pelo autor original da série, Masami Kurumada), para não citar as toneladas de merchandising e algumas realizações beirando ao insólito absoluto, como dois musicais de teatro japonês, realizados em 1991, com a banda SMAP (veja aqui: http://www.youtube.com/watch?v=rmb0tIHYZZo) e 2011 (veja aqui: http://www.youtube.com/watch?v=VVuSW2XArBk) e—pasmem—um show de strippers masculinos realizado num clube em Recife (veja aqui: http://www.youtube.com/watch?v=G-MXREybV4M). Um sucesso acima de discussão, que hoje, 26 anos depois, ainda mexe com a paixão devotada dos fãs, de maneira que só encontra comparações justas aqui no Brasil no futebol.
Dentre esses admiradores tão fanáticos, uma quantidade enorme de mulheres. E , delas, seria justo arriscar dizer: uma quantidade enorme (talvez a maioria) de…fujoshis!
Mas qual a graça que atrai essa audiência de mulheres ávidas por romance e sensualidade (entre homens) para um anime e mangá de pancadaria, recheado de sangue, mortes, lutas tão intermináveis quanto os discursos de vilões e heróis, músculos e fraturas em exposição, violência absurda variando do chocante ao cartunesco, assuntos de “pura testosterona” que no geral não costumam ocupar o topo da preferência do público feminino?
A explicação pode estar aí mesmo: na testosterona. Saint Seiya é um universo de homens. O elenco é quase todo masculino, a maioria desses rapazes com aparências muito interessantes. Isso por si só já garantiria os olhares curiosos das mulheres. Mas não é tudo: boa parte da graça de Saint Seiya para as fujoshis acaba vindo de seu próprio texto, de certa forma uma surpresa em se tratando de um anime shounen tão antigo.
Não há o que negar: há o investimento de modo quase descarado em ambiguidade sexual, androginia, sensualidade (mais masculina que feminina) e interações explosivas que dão o que pensar, combustível de qualidade para atiçar a chama do interesse das yaoi shippers. Com uma vantagem sobre o que aparece em outros animes shounen dos anos 80: a coisa realmente convence. Não há a necessidade de se apelar muito para a imaginação; os subtextos e detalhes de inclinação ambígua (ou homossexualizada mesmo) são trabalhados sem muitos disfarces. E de tão acintosos garantiram ao anime não apenas as atenções de mulheres fujoshis, como também de homens que amam homens: já chegou a ocupar lugar de destaque na programação de algumas emissoras voltadas ao público gay europeu, tendo uma de suas melhores exibições—em horário nobre e totalmente sem cortes—realizada em 2003 pela GAY.TV italiana (que na época fazia suas transmissões via satélite e cabo, na grade normal das TVs pagas.) Confira aqui o arquivo (ainda mantido, embora inativo) no site da própria GAY.TV italiana http://www.gay.tv/news/lifestyle/i-cavalieri-dello-zodiaco/
Mas como é isso?
A história de Saint Seiya se move em torno de um argumento simples: após anos de treino, jovens rapazes recebem armaduras mágicas, consagradas à Athena (deusa grega da sabedoria), e regidas pelo poder de constelações, as quais conferem a eles poderes especiais. Com os poderes, os rapazes recebem também a missão jurada de proteger Athena—que reencarna na Terra a cada 250 anos, a fim de salvar a humanidade da destruição. Mas a tarefa não é fácil, uma vez que o próprio santuário dedicado à deusa se corrompeu na sua ausência, caindo sob o as garras de um mestre enlouquecido e maligno.
Na história original de 1986, Athena voltou a Terra como Saori Kido, neta adotiva de Mitsumasa Kido, um magnata japonês que aceita cuidar da menina após a encontrar na Grécia, nos braços de um guerreiro moribundo e junto a uma impressionante armadura guardada em uma caixa dourada. Ciente da natureza divina da garota, Mitsumasa Kido reúne cem meninos (um dos detalhes mais polêmicos da história: no mangá seriam todos filhos do próprio Kido—o que boa parte dos leitores, eu incluída, nunca conseguiu aceitar) e os envia para diversas partes do mundo a fim de torna-los lutadores a serviço da jovem deusa reencarnada. Entre treinamentos, batalhas e conflitos, um forte laço de amizade se forma entre cinco deles—o Seiya do título, cavaleiro de Pégaso, mais Shiryu, cavaleiro de Dragão, Hyoga, cavaleiro de Cisne e Shun, cavaleiro de Andrômeda, além de Ikki, o cavaleiro de Fênix, irmão de Shun e inicialmente rebelado contra a ordem. Juntos, os cinco irão enfrentar os mais poderosos adversários a fim de que Athena retome seu lugar de direito no Santuário.
Esse roteiro de bases simples acabou possibilitando o que talvez tenha sido a maior chave do sucesso de Saint Seiya: a inclusão de uma quantidade gigantesca de personagens ao longo da história. Esses personagens recebiam muito visual, umas poucas características psicológicas bem evidentes e um desenvolvimento pouco aprofundado, o que mais do que algo pra se criticar, se revelou uma fórmula vitoriosa: ganhava a atenção do público pelos olhos e o cativava pela liberdade que recebia para “preencher as lacunas” dessas personalidades com a ideia que bem entendesse. Essa “zona cinzenta” do texto virou um ótimo espaço para a criação de fanfictions e fanarts, além de mover elaborações e debates gigantescos sobre essas teorias: atividades que até hoje tem grande popularidade em qualquer fandom maior. Poucos animes levaram o público tão longe na criação de headcanons. E poucos geraram discussões tão acaloradas e violentas a respeito.
Campo minado. Ou não.
Claro que boa parte dessas teorias acaba supondo uma interação de cunho homossexual entre personagens. Não só pelo “espaço vazio” disponível para a imaginação, mas também pelos detalhes que alimentam essa imaginação: como a abundância de corpos masculinos seminus, “amizades mais-que-grudadas” que alguns personagens revelavam , visuais sugestivos, por vezes no limite extremo entre o sexualizado e o meramente fantástico e diversas situações criadas na trama da própria história, muitas que nem a pessoa mais teimosa poderia ignorar. Seria de se imaginar que, num caso desses, o público tivesse uma atitude condescendente com entusiastas de histórias gays, encarando o “yaoi alheio” como parte dos jeitos de aproveitar a franquia. Mas na realidade, o que vem acontecendo ao longo do tempo é bem diferente.
Saint Seiya gera paixões violentas, e por isso acaba gerando reações de cunho extremo em diversos fãs: não é incomum que aqueles que não gostam de yaoi considerem os que gostam como seus inimigos mortais e vice-versa. E mesmo dentre fãs de um mesmo tipo (por exemplo, os que gostam de yaoi), as discussões ácidas sobre qual personagem juntar com qual ou como tratar a personalidade de tal e tal personagem chegam às raias da troca de agressões. O fandom de Saint Seiya, seja na sua versão yaoi ou het, é bastante criticado, tanto por essas atitudes beligerantes, como também pela criação de uma forma severa de “fanon oficializado”: visões da história que não foram escritas em nenhum trabalho oficial, mas que são consideradas como intocáveis e indiscutíveis, como se fizessem parte do cânone da história—arriscar-se fora delas, é, em muitos casos, expor-se a uma quantidade impensável de ojeriza alheia.
Se tudo isso parece desconfortável, a contrapartida existe: mesmo com tanto furor envolvido, suscetibilidades à flor da pele e brigas homéricas de fandom, Saint Seiya conta com uma variedade imensa de fanwork, enfocando a série sob os mais diversos pontos de vista. Ao invés da conformidade com o “mesmo de sempre”, conceitos institucionalizados pela história ou por um fandom majoritário, desenhistas e escritores se arriscam mais em enfoques e ideias próprias. Esses artistas, tão passionais quanto o resto dos fãs, botam os corações nos projetos e se dedicam a eles de corpo e alma. O resultado vai além da variedade: Saint Seiya é um dos animes e mangás onde é mais fácil achar fanwork de qualidade de literalmente qualquer coisa, já que o esforço, e sobretudo, o fervor apaixonado dos envolvidos transparece nos desenhos e textos.
Pode não ser um fandom fácil para se conviver, mas com certeza tem espaço e acolhe a todo mundo que chegar nele. Basta a pessoa ter paciência e cuidado para achar o que quer. A colheita de bons frutos é, na grande maioria dos casos, garantida.
Verdades, afinal
Um anime e mangá que desperta tantas paixões deve ser uma obra de gênio, certo? Infelizmente não é o caso: a história de Saint Seiya tem falhas gritantes, o desenvolvimento tende a se perder em detalhes mal explicados, informações contraditórias e superficialidade. Aliado a isso, pode incomodar bastante também o uso muitas vezes capenga de História, mitologias diversas e astrologia e, acima de tudo, o estilo de narrativa: que varia do austero simples ao melodramático lacrimoso semi-brega, com momentos que resvalam perigosamente no ridículo, pérolas dignas de novelas mexicanas ou pantomimas de circo.
Mas, se esse lado ruim existe, é impossível negar o charme dos personagens, a sedução que a ideia lança sobre o público e a flexibilidade aliciante do texto, que nos convida a debater seus pontos vagos por horas a fio, a criar em suas lacunas e a sustentar intensas simpatias e antipatias por criaturas de papel e tinta no nosso mais particular imaginário. Saint Seiya tem essa mágica, de não ser (e não se propor a ser, na verdade), uma lenda pronta para o mundo, mas sim a lenda pessoal de cada um de nós, lançada pelos autores, mas contada, efetivamente, por nós mesmos. Mais do que um apelo intelectual, é o apelo emocional que ganha as audiências. Sem qualquer demérito: como diz o ditado, o coração tem razões que a própria razão desconhece. No caso de Saint Seiya, motivos suficientes para arrastar multidões, há 26 anos.
Saint Seiya para Fujoshis: 6 motivos para assistir a série.
Você, fujoshi (ou fudanshi) também pode se apaixonar por Saint Seiya. Eis aqui 6 motivos que, sendo clichês ou não, acabam levando até os mais céticos a acreditar que o lado yaoi da força esteve agindo em alguns tantos momentos da série.
OBS: Os textos a seguir contém SPOILERS, ou seja, revelam detalhes do enredo. Leia por sua conta e risco.
1-Homens Seminus (ou um tanto mais que semiNUS)
Não chega a ser novidade em shounen a presença de personagens masculinos sem camisa, expondo músculos bastante à vontade. Saint Seiya põe um pouco mais de pimenta nessa receita agregando além dos torsos nus (e em muitos momentos, desnudados de forma bastante gratuita: Shiryu de Dragão parece preferir lutar SEM a armadura que deveria protegê-lo) coxas nuas e…bom, um tanto mais de detalhes sem nada cobrindo. O Mestre do Santuário é visto constantemente meditando despido em sua banheira—ou, melhor dizendo, piscina—também já se mostrou flagrantes de banho de Afrodite de Peixes (no movie A Batalha de Abel), Shun de Andrômeda (nu dorsal no chuveiro, bastante detalhado) e até o protagonista, Seiya já viveu seus momentos de “nada em cima”. A mais memorável cena de nudez de Saint Seiya, todavia, é a do o Cavaleiro de Lagarto, Misty: após uma luta, para se livrar dos vestígios “nojentos” de seu adversário, Misty arranca toda a roupa, dá uma sensualizada básica sob raios de sol e vai tomar banho de mar. Essa cena acabou virando uma série limitada de extensão para o boneco da linha Cloth Myth: sim, é possível para o fã que queira, ter Misty esplendorosamente peladão em cima de sua escrivaninha. (veja detalhes aqui: http://www.estatuaslimitededition.com/t8984-bandai-cloth-myth-appendix-lizard-misty )
Único porém: as cenas de nudez não mostram TUDO. E por vezes esse “não mostrar tudo” acaba sendo um tanto quanto…estranho (explicando: alguns detalhes anatômicos simplesmente não são desenhados em cenas onde deveriam aparecer…Como diriam nossas avós: “cadê o passarinho que estava aqui?”)
2-Androginia
Quase uma palavra de ordem, engloba homens de rostos delicados, por vezes maquiados, manicurados e flamboyants (como Misty de Lagarto e Afrodite de Peixes—nomes que por si só já sugeririam personagens femininas), corpos variando entre músculos de aço e delgadez de bailarina, que combinados a cabelos normalmente longuíssimos, coloridos e esvoaçantes chegaram a provocar um bocado de confusão nos próprios responsáveis por adaptações ocidentais. O exótico ferreiro Mu de Áries, na adaptação francesa de Saint Seiya foi dublado principalmente pela atriz Virginie Ledieu (a mesma que faz as dublagens de Meg Ryan). Aparentemente levou tempo para os franceses chegarem à conclusão de que Mu se tratava na verdade de um homem. (confira aqui episódio com a dublagem francesa oficial…e Mu com a mesma voz que dubla Meg Ryan: http://www.wat.tv/video/10-chevaliers-zodiaque-tombe-1qll8_2ia5t_.html)
Shun de Andrômeda também chegou a gerar especulações: constava na história que sua semelhança física com uma jovem mulher—Esmeralda, que conviveu com o irmão de Shun, Ikki de Fênix, durante seu treinamento—era absolutamente notável. E não só: no início da série Shun usava uma armadura rosa com seios evidentes (que seria redesenhada para algo mais convencional depois, mas que fez parte do público imaginar se Shun se tratava realmente de um rapaz ou uma moça).
3-Visuais extravagantes
Em tempos de hoje em dia, não é mais tão comum (ou mesmo politicamente correto) se usar a clássica piada do “legal essa sua roupa aí! Onde você comprou tinha para homem?”. Mas se o mundo caminhou de modo animador para igualdades cada vez maiores em várias áreas da sociedade, inclusive a moda, existem coisas que continuam sendo puramente espalhafatosas, mais dentro dos domínios das fantasias de carnaval do que de histórias de fantasia. As armaduras em Saint Seiya, são, o que se pode chamar de “um escândalo”, capazes de causar perplexidade na mais ousada drag queen: na série, qualquer exército é uma verdadeira overdose de asinhas, resplendores, adornos figurativos, capas bordadas, joalheria, saiotes, rabichos, brocados, tiaras, penduricalhos, e tudo o mais que faria a fama—ou a ruína—de carnavalescos, em metal reluzente, e, sim, tudo (ou quase tudo) usado por homens.
Destaque especial para os servos e colegas de Hades (contando dentre tantas pessoas cheias de adereços até os dentes, com Myu de Papillon e sua armadura nada discreta, com asas de borboleta, Caronte de Aqueronte, literalmente vestido de arlequim e o próprio Hades, com mais asas, mais floreios e mais bugigangas que qualquer criatura naquele e em outros mundos) e as Kameis, evoluções ultra-poderosas de armaduras de Bronze: recriações delas certamente ganhariam algum prêmio nos históricos concursos de fantasias do Hotel Glória.
4-Um mundo (quase) sem mulheres
A proporção de mulheres e homens em Saint Seiya chega a ser brutalmente desigual: com quase duzentos personagens, tem pouco mais de vinte mulheres, a maioria em papéis coadjuvantes (boa parte dessas, de coadjuvantes esporádicas, que somem ao longo da narrativa) ou que se resumem à imagem de “boa moça que precisa ser resgatada das garras de um vilão malvado”: é o caso da própria Saori, que mesmo na teoria sendo a personagem mais importante da obra—é, afinal a reencarnação da deusa Athena, a qual todos os Cavaleiros devem honras—acaba fazendo pouco; passa a maior parte do tempo precisando ser salva de sequestros, atentados, planos maléficos de dominação universal e cárceres diversos que incluem pilastras, jarros e geleiras.
As poucas mulheres mais atuantes—as combatentes do exército de Athena, chamadas na tradução para o português de Amazonas—costumam ter participações sisudas e discretas, como mestras de Cavaleiros e guerreiras implacáveis. Apenas uma usava um traje mais sugestivo—June de Camaleão, no visual uma perfeita dominatrix sadomasoquista—e todas, sem exceção usam uma máscara sem expressões cobrindo o rosto inteiro (a explicação para o uso dessa máscara ainda é considerada como um argumento bastante questionável do roteiro: a de que por ordem de Athena as guerreiras deveriam se igualar aos homens, e deixar de lado sua feminilidade, não se sabe por qual razão. E não se esclarece no que a máscara ajudaria nisso). Ou seja, não é apenas um mundo quase sem mulheres: é um mundo quase sem mulheres onde boa parte das poucas existentes não mostra o rosto.
5-Um mundo CHEIO de homens
Homens apenas não: bishounens, na sua grossa maioria, garotos lindos com traços chamativos. Algo que passou a chamar mais a atenção após o anime ser feito, com um traço mais cuidado e aparências menos de “rabisco” que o mangá. Dos quase 200 personagens, a maioria total e absoluta (mais de 70% NO MÍNIMO) é composta de rapazes jovens e bonitos. O que resta são coadjuvantes no estilo “bucha de canhão”, que servem só para serem massacrados e um ou outro personagem mais central com aparências menos refinadas, muitos não obstante caindo nas graças de parte do público, seja lá como for.
Loiros, ruivos, morenos, gente de cabelos coloridos, peles brancas ou azeitonadas, altos, baixos, das mais diversas nacionalidades (o que acrescenta um charme a mais), cabeludos ou não, tem homens ali para quase todos os gostos: até mesmo um negro sinhalês, raridade em animes. Com a nova série, Saint Seiya Omega, o desfile quase infinito de homens promete ir ainda mais longe.
6-Melhores Amigos ou Mais que Amigos?
Saint Seiya é uma história baseada no valor da amizade, e por isso investe muito em imagens e situações que mostrem o quanto uma amigo é importante. Na verdade investe tanto, mas tanto…que é mais fácil ver algum dos homens da história se descabelando por outro do que por qualquer uma das (raras) mulheres presentes.
Acordar apavorado após sonhar que o amigo foi morto, claro, não prova mais que amizade. Chorar de raiva porque um amigo decidiu fazer uma coisa claramente suicida, também, é natural. No meio de uma luta séria, falar sobre um amigo que não está presente o tempo todo: bom, na vida real ninguém pensaria em algo assim numa situação daquelas, mas…Ficar encantado e só ter olhos para seu companheiro que acaba de voltar é…hum, uma amizade muito próxima mesmo! Todo mundo, nessa hora concordar que “não se deve perturbar esse momento especial entre vocês dois” e dizerem “era o que você mais queria, não? Que ele voltasse”, olha…isso pode soar um tiquinho peculiar para algumas pessoas. Não querer mandar seu amigo guerreiro & poderoso para seu habitual trabalho de exterminar monstros e coisas de outro mundo por “receio de monstros e coisas de outro mundo”…parece um apego desmedido, mas vá lá. Lutar contra um inimigo perigoso com uma mão só, enquanto na outra retém um último farelinho da presença de um companheiro assassinado, e depois se despedir desse farelinho aos prantos, como se tivesse perdido o marido algo inestimavelmente precioso…Puxa, mas que amizade mais…mais…
Mas, ok, tudo bem, isso é amizade, ok, só amizade, não vamos por malícia para julgar tudo o que vemos…Agora, o que é que se diz de alguém que se interessa em namorar uma moça porque “ela é a cara do meu irmão mais novo”, ou…bom quem é que para ressuscitar um amigo desacordado, o aquece com uma belíssima encoxada? O que dizer depois se o amigo fica comovido com a encoxada, carrega o encoxador desacordado como uma princesa e ainda inicia um discurso pomposo, dizendo que o outro “conduziu sua alma ardente para o interior do seu corpo gelado, e…”?
São essas coisas que fazem fujoshis darem sorrisos. E quem faz Saint Seiya, seja o anime e seus diversos mangás, parece não se incomodar em acrescentar esses detalhes. Puro fanservice para ganhar público? Talvez: mas o que interessa é que aparentemente a Shonen Jump e, sobretudo a Toei não fecharam os olhos para essa parte do público. Seria fácil para quem controla a série negar toda e qualquer “isca para fujoshis” em nome da “moral e dos bons costumes”, da “seriedade do texto” ou coisa que o valha. Se não fazem, é porque tem algum motivo, e acima de tudo ganham com elas. Ainda bem.
Tive o privilégio de ler este fantabuloso texto da Deneb antes de todos e lhes digo, ela é o melhor mafagafo do mundo. XD
Não poderia resumir melhor Saint Seiya em toda sua glória, extravagância e peculiaridades bizarras, enfim, tudo o que faz com que amemos essa obra até hoje.
Saint Seiya não foi meu primeiro anime, mas foi o anime mais importante da minha vida por duas vezes: na primeira vez em que assisti, me tornei uma fã de animes e aspirante a mangaká. E na segunda, recuperei a vontade de desenhar e de trabalhar com yaoi/BL. (e conheci a Deneb, ainda por cima!)
Nunca esquecerei de quando liguei na Manchete e estava passando o tal desenho que era febre da garotada. E a primeira coisa que eu vejo? Uma mulher com voz de homem. (era o Misty)
Inconformada com a ideia de passar a assistir assim do meio (e entender que diabos acontecia naquela série), esperei a temporada recomeçar e me apaixonei já no primeiro capítulo.
E como esquecer da cena do aquecimento do Hyoga, que deixou minha cabeça confusa e fascinada? Dos cabelos ao vento? E de todo o bromance do mundo… ?
Felizmente Saint Seiya não morreu e acho até que é possível que salve minha vida mais uma vez!
Excelente artigo! Muito bem escrito e gostoso de ler. Impossível que os fãs e curiosos não se identifiquem com a série a partir dos pontos apresentados. Achei muito bacana a discussão sobre canon e headcanon, já que CDZ é um dos animes de maior sucesso no Brasil e no mundo, mobilizando autores até os dias atuais. Mesmo com tantos furos no roteiro, é um prato cheio para os fãs de yaoi!
Cá estou eu para também prestar minhas homenagens a esse mafagafo fantástico que nos brindou com esse texto excelente, cheio de boas memórias. Não podia concordar mais, cada linha ficou simplesmente ÓTIMA.
Eu também fui uma das que viu Saint Seiya pela primeira vez na finada Rede Manchete, em sua primeira exibição. E era uma delícia acompanhar toda a polêmica involuntária que o anime suscitava: Amizades intensas, situações involuntariamente suspeitas, vários personagens que poderiam facilmente engrossar a lista popular da Cabeleira do Zezé (será que ele é?), e, claro, mata-leões memoráveis com encoxadas fabulosas deixando as fujoshis com gostinho de quero mais!!!
Mas, enfim, muito se fala das falhas de Saint Seiya e seu roteiro muitas vezes mambembe, mas uma coisa ninguém pode negar: A série é sucesso porque tem BOROGODÓ. É uma coisa difícil de explicar, mas Saint Seiya atrai magneticamente as pessoas até si, mesmo aquelas que não gostam num primeiro momento, passando por fanboys fãs de shonen a fangirls fãs de bishounens e, claro, fujoshis.
Enfim, deixo aqui meus agradecimentos à Deneb pelo artigo lindo sobre um dos animes que marcaram minha adolescência, e à dona Tanko por trazer esse artigo até nós nesse espaço fantástico! Muito obrigada, mesmo!
Eh, laia… Como amo esse anime.
Muito bom o texto, disse tudo e amis um pouco sobre o universo de saint seiya.
Ah, que vontade de assistir a serie antiga…
Legal! Consegui ler tudo a tempo de comentar sem gerar aquela estranheza de comentar 2 anos depois que o artigo foi publicado 😀
O que mais me cativou no texto é que senti como se tivesse sido escrito por uma amiga. Uma amiga que assistia Cavaleiros do Zodíaco comigo na minha sala.
Que quando rolava aqueles "awkward moments", olhava pra mim com aquele olhar "sim, são gays" >o<.
(Eu já era bem grandinha na época, já conhecia a civilização clássica grega e quando via Cavaleiros só pensava uma coisa >o<.)
Parece que quem escreveu ficou apreensiva comigo, todas as vezes que o Seiya chegava na casa de Leão. Eu quase ouvi a voz dessa amiga perguntar "Será que é hoje?"…
Essa amiga chorou horrores comigo quando o Camus afundou o navio da mãe do Hyoga e o encerrou naquele esquife de gelo.
Quando o Hyoga chegou a casa de Escorpião com o Shun nos braços e fez aquela confissão escandalosa (Que deixou o Milo visivelmente constrangido), essa amiga engasgou comigo e falou "Agora sim, tudo faz sentido!"
Muito dessa intimidade gostosa, dessa sensação de que quem nos fala é uma amiga, se deve ao talento da Deneb.
Que fez esse texto espetacular sobre minha série do coração, capaz de atingir o pessoal de 1994, todo o povo que veio depois e gente que não conhece, mas que depois de ler esse artigo, vai correndo procurar onde pode assistir!
Um pouco dessa proximidade também se deve à própria série, que uniu o país inteiro como nenhuma outra (Yu Yu Hakusho sequer chegou perto). Os Cavaleiros do Zodíaco foi a Dallas dos jovens brasileiros de 1994! A Vale Tudo dessa geração! (Eu tb curti Vale Tudo :D)
Jovens de todas as idades, de todas as classes sociais. Fãs ou não de anime, que torceram, choraram, vociferaram (O Saga é mais forte que o Shaka LOL) e que amaram essa série desesperadamente.
É um texto delicado, bonito e real. Porque também aborda as questões macabras do fandom. Fala do esqueleto hediondo que muita gente tenta esconder no armário, mas que é presente para todos que se envolveram na produção de fanwork. E fala dessa coisa feia com mais classe do que ela merece! :O
Obrigada Deneb… Eu já estava produzindo um artigo sobre as amizades em SS, seu artigo servirá como um incentivo a mais 😀
Obrigada pelo seu artigo!
Só posso pedir que escreva mais 😀
Ler esse texto me dá até orgulho de dizer que foi Saint Seiya que me aprensentou ao yaoi! Com a reestreia do anime no Cartoon Network, lá pelos meados de 2003 eu voltei a gostar de animações japonesas, começei a ler mangás e me apaixonei perdidamente por Hyoga x Shun!! Durante anos eu dediquei minha humilde vidinha otaku a esse casal, inclusive escrevi uma fic que demorou uns 2-3 anos pra terminar ahahahaha Acho que me esgotei depois disso pq nunca mais consegui escrever direito… Não que algum dia eu já tenha sido boa, ne…
Deu até saudade, ai ai…
My recent post anna__SH: @digitalmanga Hi! Any news for Maiden Rose?
o shun tem uma carinha de criança e menininha…
uma resenha realmente interessante e agradável de se ler! comentários divertidos sobre a extravagância de armaduras e visuais em geral, sobre a variedade da narrativa, as discussões dos fanons e o bromance dos personagens! o texto tem tudo a ver com a série, elogiou-a como se deve, mas também alertou para as falhas, brechas e, ahem…momentos e falas ambíguas, como você disse. enfim, uma resenha fantástica