No Bra (Nobura, em japonês) é um mangá, já finalizado, de Kenjiro Kawatsu (Koibana Onsen). Tipicamente ecchi, a história trata do triângulo amoroso entre os joven estudantes Masato Kataoka, Kaoru Oozora e Yuki Nomura (figura).
Um dia, Masato está em casa, em seu apartamento alugado em Tokyo para seus estudos (depois é revelado que a família de Masato vive viajando e ele ficou na cidade para estudar). Achava que ia morar sozinho até que recebe a informação de que Yuki Nomura iria dividir o apartamento com ele, já que o pai de Yuki era amigo de seu pai.
A surpresa de Masato foi quando abriu a porta e uma linda menina, meiga e delicada aparece, informando que se chamava Yuki Nomura. Logo ele entendeu, pois Yuki é um nome comum tanto para homem quanto para mulher.
Aí, vocês que me lêem param na mesma hora e pensam: “ah, essa caloura aí do Blyme deve estar doida! Ela não sabe ainda que se trata de um site de conteúdo yaoi?”
Continuando… Quando Masato recebe a ligação da mãe de Yuki e diz entender a preocupação da mãe por saber que sua linda filha iria morar com um rapaz, eis que ela revela: “menina? Não! Essa criança é estranha assim mesmo: é um menino”.
Sim: Yuki Noomura é um rapaz. Ele é um transexual, e fica até difícil de acreditar que é mesmo homem.
E a história se desenrola com a fixação que Yuki tem por Masato. Diz Yuki que Masato (Maa-kun, seu apelido quando criança) e ele eram amigos de infância e que haviam feito uma promessa, mas Masato não se lembra de nada.
O real motivo de eu ter escolhido No Bra, um mangá ecchi para colocar em um blog yaoi, é a crescente tensão sexual que envolve Yuki e Masato, que mesmo se considerando hetero e sabendo que Yuki é um homem, ainda assim, seus sentimentos se embaralham muito e ele realmente fica tentado a tentar algo de verdade com o belo rapaz. Mesmo que ele perca a chance de ter, apenas para si, a bela, talentosa e mais desejada garota da escola: Kaoru Oozora.
O que me atraiu em No Bra? Não sei. Por não ter classificação yaoi, eu achei, desde o início, que talvez Yuki fosse uma menina de verdade, mas depois vi que não. Depois, o que me manteve intrigada era a relação intensa entre Yuki e Masato e a sua preocupação quanto a sua sexualidade. Afinal, por mais linda que Yuki fosse, ainda era um homem, e ter Yuki em um relacionamento significaria ser homossexual. E mesmo seu crescente interesse em Kaoru não foi suficiente para diminuir o que sentia por Yuki, ou pelo menos não tão rápido quanto ele mesmo esperava.
Tudo bem que há umas outras duas mulheres taradas na história, mas eis que surge a dúvida do título. Onde começa um mangá yaoi? Imagino que No Bra seja considerado ecchi apenas porque Yuki se veste de mulher, e essa história de que “o que os olhos não vêem, o coração não sente” parece bastante aplicado nesse mangá. Se Yuki é homem, por mais mulher que ele pareça, ainda é homem. E em parte do mangá, eles chegam a ter um relacionamento, embora não aconteça o sexo propriamente dito. Aí você pensa “ah, mas não teve sexo, por isso não é yaoi” ou “por isso não teve mesmo uma relação”.
A questão é que o lado mulher de Yuki mexeu demais com Maa-kun e a mim não convenceu essa coisa dele tentar se segurar por ter um cara o excitando, pois tirar sarro (e quase chegar aos “finalmentes”) pra mim já é mais do que motivo pra considerá-lo culpado. E então pergunto novamente: onde começa o yaoi? Se a história fosse a mesma, mas Yuki se considerasse homem desde o início, seria “yaoi”.
Em todo caso, No Bra se mostrou, além de um romance mais quente, uma boa forma de encarar as diferenças das pessoas e seus preconceitos, além claro, de mostrar o que realmente significa confiança, cumplicidade e fidelidade.
Parabéns pela primeira resenha, Otaku-chan! A escolha de tema me surpreendeu, acho que é uma discussão interessante.
Mas na minha opinião, yaoi, sendo um material especificamente para mulheres, não pode ser encontrado em um ecchi (embora tenha entendido o que você quis dizer: teoricamente é um relacionamento homoerótico entre Masato e Yuki).
Acho que o tema da trap/crossdresser/futanari é até bastante presente nos materiais Ero / ecchi, já que a androginia masculina sempre exerceu um certo fascínio no repertório erótico japonês.
Vide Boku no Pico, que é um shota, sim, mas que não considero yaoi por não ser dedicado ao público feminino.
De qualquer forma, me interessei, vou buscar este mangá. ^^
Pelo que descreveu, me pareceu aquele fetiche que anda popular entre os otaku do Japão, como em Hayate no Gotoku, Maria Holic, MM! e Baka to test to Shoukanjuu, onde há um personagem homem que parece mulher, e atrai o público masculino por razões que desconheço. Vi em uma matéria japonesa essa questão do "otoko no ko moe", contudo não consegui entender muito bem, e a maioria dos homens entrevistados adeptos desse moe eram heteros…Bem, deve ser por isso que esse mangá é classificado como ecchi, por ser voltado para os homens otaku.
Parabéns Otaku! Gostei bastante de sua resenha e acabei me interessando pelo manga!
Não sei falar se pode ser considerado BL – tanta coisa que não o é, pelas fãs é considerado – assim fico imparcial na escolha XD
Agora, algo que me chamou a atenção mesmo para esse manga é o fato do Masato aceitar esse lance do Yuki… Acho que estou com o tema do meu projeto da facul demais na cabeça ^^"
Mas, vou ler! Ou melhor, vou procurar para ler!
Obrigada pela resenha!
Keiko, ele vive num duelo mental com essa situação do Yuki… Mas paro por aqui pra não falar mais do que eu já falei ^^
Hmm.. realmente, essas variações de gêneros e temas me confundi. Apesar que parte da premissa otoko x otoko.
Bom, não sei mais o que realmente pode ser considerado um BL: relação homossexual entre homens, feito de mulher pra mulher (penso que deve ter mangakas homens nesse meio), público feminino (No Bra como exemplo, é ecchi mas atrai o público feminino-fujoshi pela relação entre homens)…
Ah Ah.. confusa!!
Falando nisso, não sei se alguém já viu o mangá Sazanami Cherry de Kamiyoshi (faz ecchi-shounen, seinen…). Bem, também fala de crossdressing, tem um algo parecido e é considerado shounen-ai. Ahn.. Isso não é conflitante? .. hehe
Ah, e Otaku-chan, thanks pela resenha. Esse assunto é bem interessante.
Concordo com a sua opinião, não pode ser considerado um Yaoi ou BL porque não tem a qualidade de ter sido feito para mulheres. A não ser que a gente use o termo para o relacionamento homossexual masculino em qualquer tipo de mídia.
No entanto achei que foi interessante a abordagem da resenha, deu vontade de ler.
Um mangá de transexual que eu acho engraçadinho é o Mimi-kun no Boy no Kisetsu, que traz o questionamento oposto, Mimi-kun quer ser mulher, mas o sujeito que gosta dele pensa diferente.
É que é tudo sutil demais… Se a gente pensar assim, Bara se encaixaria onde? É mangá yaoi, feito pra homens e por homens. Tá que a conotação ainda é um pouco diferente, mas talvez fique naquele limiar dos caras que são "hetero" e se apaixonam por mulheres travestis (homens travestis, sei lá).
O que me motivou a fazer essa resenha é que ele sabe que Yuki é homem, afirma isso a cada segundo. Ele mesmo impõe as consequências de suas escolhas, sabendo onde ele se classificaria e que não haveria mais volta, caso algo entre ele e Yuki acontecesse. Ele estava em um ponto em que se assumiria gay, caso realmente chegasse aos finalmente com Yuki (pelo menos foi isso que eu entendi ^^).
De mais… Se eu falar alguma coisa, será (mais) spoiller e acho que ninguém aqui quer, não é??? ;D
Já tinha ouvido de falar de No Bra tendo essa temática e tudo, mas não tinha realmente procurado ler, essa resenha me atiçou!
Quanto à discussão: a Tanko expert esclareceu bem as diferenças, é ecchi com esse plus para a fujoshi que não se importar com essa representação mais feminina de uma das partes, que às vezes irrita, mas com frequência é sexy, na minha opinião, agora.
Num site americano dedicado a traps, outro dia os caras discutiam se eles eram gays por se sentirem atraídos por esse tipo de material, "eu amo o feminino" hahahahahs. É "confuso", mas esse tipo de discussão não parece ter fundo, enfim.
Obrigada pela resenha, Otaku-chan 🙂
Me interessei pelo mangá. Tem aqui no Brasil pra vender?
Até onde eu saiba não… =(
Gente, fico muito feliz de saber que todos se interessaram pelo mangá e pela resenha. Obrigada pelos elogios! ^^
Ah, para quem está interessado, eu li no mangareader:
http://www.mangareader.net/217/no-bra.html
Nunca tinha ouvido falar do mangá, mas a resenha ficou tão boa que vou procurar dar uma olhada. Parabéns pelo trabalho, Otaku-chan ^_^
Não acho que No Bra seja yaoi e concordo com a definição da Tanko. Assim como também não acho que Bara, Boku no Pico ou um filme de temática gay seja yaoi. Agora quando me deparo com mangás como Kyuuso Ha Cheese no Yume Omiru classificadas como yaoi E josei, me pergunto se realmente existe essa classificação…
Bom, é essa nossa mania de rotular. Eu mesma sou uma pessoa que vivo rotulando, "esse é yaoi, tal é shonen-ai, aquele é shoujo, o outro lá é josei…". E não nego que os rótulos possam nos ser bem úteis!
Obrigada Steh por concordar que Boku no Pico não é yaoi! As pessoas ficam bravas comigo quando falo isso!!! XD~~~
Acho que na verdade, todo BL é shoujo ou jousei por definição. Ainda não existe nada que impeça um BL de sair numa revista shoujo ou jousei além da linha editorial não permitir certas cenas de sexo. Se for me embasar pelo Kyuuso Ha Cheese… eu diria que ele parece mais maduro do que a média dos BL. Mas é só um título, não dá para traçar muito bem um perfil.
Bom, eu GOSTO de etiquetas também, fazer o quê? XD~ Eu fico confortável em saber que não existem apenas mangás com a intenção de agradar A TODOS. E sim mangás diversificados o bastante para que todos acabem se satisfazendo com um ou mais gêneros. ^^
Bom, o pessoala qui já chegou à conclusão, não, não é yaoi. Mas precisa ser? Tem tantos mangás que não são yaois e agradam às fãs de yaoi, shoujos com fanservice como Ouran, shounen com fanservice como Kuroshitsuji e daí por diante, por que um ecchi não poderia agradar também, não é mesmo?
Sobre o protagonista ser gay ou não, ele gosta do que, do lado masculino ou do lado feminino d@ Yuki? Uma mulher transexual é diferente de um travesti. O transexual se sente mulher por dentro e eu não vejo um homem que ame uma mulher que nasceu no corpo de um homem como um homossexual, mas se ele ama um travesti que gosta de se vestir como mulher, mas que aceita o próprio pênis e sabe lidar de sua própria maneira com o próprio pênis (a maioria das transexuais têm nojo do próprio pênis, não gosta nem de encostar nele).
Eu acredito que um homem em um relacionamento com um travesti é homossexual sim, mas o fetiche dele é pelo homem com aparência feminina, isso não é tão raro, vários homossexuais curtem rapazes afeminados nos mais variados graus, mas obviamente a maioria prefere os mais másculos, assim como há homens heterossexuais que curtem garotas mais brutas, mais tomboys. Um homem é gay por gostar de uma garota masculinizada? Acho que não, mas se ele gosta de um transexual M->H eu acredito que sim.
Em suma, a sexualidade humana é complexa e a maioria dos papeis de gênero são meras construções sociais, mas o que realmente é inerente do ser humano e o que é construção social? Será que em uma sociedade em que garotos usassem maquiagem e minissaia no cotidiano o Yuki seria um homossexual que se identifica com o papel feminino ou só um garoto homossexual comum? Não li a obra e não posso dizer, confesso que tentei ler esse mangá há alguns anos, mas achei muito chato, ecchi está muito longe de ser meu gênero favorito.
My recent post [OFF]Post de Recomendação – Como comprar mangás em inglês (via Blyme
Concordo plenamente com a parte sobre ser transexual, eu considero um transexual como o Yuki como sendo mulher, pois até onde vi, ele não é apenas um trap ou crossdresser.
E justamente por ter potencial para agradar ao público do Blyme, deixei que a Otaku-chan escolhesse esse tema tão polêmico. Não acho que algo precise ser yaoi para nos agradar, mas apesar da curiosidade, uma olhadinha no mangá já me desencorajou… talvez eu tente ler para saber se a Yuki vai conseguir ser feliz, rsrs.
No anime Kaichu (Barazoku) tem um transexual também… quando li a sinopse do mangá, imediatamente me lembrei daquele anime.
Eu penso que talvez não seja considerado yaoi por respeito à temática real da transexualidade.Um Transexual é aquele que se sente uma pessoa de determinado sexo presa à um corpo do sexo oposto.E frequentemente,quando têm idade,eles fazer a cirurgia de redesignação de sexo.Então,como poderia considerar yaoi,se o amigo aí,o yuki,não só se veste como mulher,como se sente,realmente como uma?Se ele se sente como uma,e pra sí,ele é uma mulher,então o autor só está respeitando o fato dele ser,na verdade,uma mulher em corpo masculino,horas.'-'Não tem como ser yaoi com um homem e uma mulher….'—' e não é um simples trap,é uma questão de transexualidade n-n'
Isso parece meio shonen-ai, algumas pessoas consideram shonen-ai