Fujoshi no Hinkaku
Fujoshi no Hinkaku, ou “A Elegância Fujoshi” é um flash anime de 2010 baseado no mangá-ensaio da autora Kusame, que também trabalha com histórias BL sob o pseudônimo Amagi Reno, portanto uma fujoshi da vida real.
A história segue as situações cotidianas de Fujoko, uma office-lady de 23 anos que esconde de todos que é uma fujoshi. Ela tem uma profunda admiração por Takayo, sua senpai, que é 5 anos mais velha e um exemplo de feminilidade, elegância e competência. O que Fujoku nunca imaginaria, é que sua senpai na verdade é uma fujoshi tão obcecada quanto ela própria, o que descobre ao encontrá-la comprando doujinshi yaoi. A partir deste dia, as duas tornam-se boas amigas e nossa heroína decide que será uma fujoshi tão admirável quanto Takayo.
Embora os flash anime japoneses pareçam (tá… e sejam) mais precários em relação às obras animadas que estamos acostumados a ver, desta vez a simplicidade tosca da mídia não atrapalhou a experiência, combinando com o traço original do mangá que também é “despojado”. Naturalmente preferiria uma animação tradiconal, mas eu diria que o design simples tem até um certo apelo de livro infantil, o que o torna engraçadinho. E dentro deste contexto consegui aceitar bem até mesmo as cenas em que Fujoko e Takayo interagem com cenários reais e quando são magicamente (e de forma bem cretina) transformadas em mulheres de verdade para tomar um chazinho num butler’s cafe .
O anime é uma espécie de guia/bíblia, e através de capítulos curtos e divertidos, vai narrando os desafios da vida de uma fujoshi, mas sempre com as dicas e truques de Takayo, demonstrando que há maneiras de conciliar os hobbies com a vida pessoal e profissional, além de apresentar os conceitos básicos do que é Yaoi/BL.
Os tópicos variam desde como usar o yaoi para auxiliar nas tarefas e questões do dia-a-dia (!), economizar dinheiro para comprar BL, cozinhar bentôs decorados, arrumar o quarto e até como fazer viagens e programações estritamente otaku/fujoshi, como visitar a Otome Road e a Comiket. Embora as dicas sejam muito superficiais em alguns aspectos, dá para conhecer um pouco mais sobre a vida das nossas “colegas” japonesas e tirar diversas ideias e inspiração para nossos próprios projetos fujoshi.
No princípio eu fiquei meio cética sobre esta animação, pois me pareceu que o anime se restringiria a tentar ensinar a disfarçar o seu lado fujoshi e como se esforçar ao máximo para ser uma mulher bonita e delicada, qualidades tradicionalmente apreciadas pela sociedade. Mesmo que essas questões realmente sejam abordadas, na maioria das vezes o “ser” fã de yaoi/BL é apresentado sob uma ótica positiva: é apenas uma forma peculiar de enxergar o mundo – que tem suas vantagens e desvantagens – mas que pode e deve ser bem aproveitada e bem curtida. Claro que esta curtição tem limites, e é necessário ter disciplina para ser um adulto bem sucedido, em especial no Japão.
E o que mais me chamou a atenção foi a cena em que Fujoko e Takayo falam de relacionamentos amorosos e como conseguir um namoro, deixando claro que para encontrar o par ideal, a fujoshi deve ter confiança e gostar de si mesma. Elas afirmam que o parceiro ideal deve compreender os seus hobbies e perceber que talvez eles façam parte de seu charme… e o mais surpreendente em se tratando de um material japonês para mulheres: se você não tem disponibilidade para namorar, simplesmente não tenha um! É isso mesmo! Você pode ser uma mulher e se sentir plena e feliz com sua carreira, hobbies e sem um par, pois afinal você já é uma pessoa completa. Isso é o que eu chamo de elegância.
Depois disso, o anime ganhou mil pontos comigo e decidi que Fujoshi no Hinkaku, apesar de estar muito longe de ser uma obra prima, é recomendável para todas as fãs de yaoi.
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