Endou-kun no Kansatsu Nikki
Publicado originalmente em 8 de agosto de 2012
A fujoshi que escreve essa resenha tem a crença de que mais importante do que uma história é a forma de como ela é contada, pois até os fatos mais banais podem se tornar momentos únicos dependendo das mãos de quem faz. E essa crença se aplica muito bem no primeiro trabalho de Hayakawa Nojiko, Endou-kun No Kansatsu Nikki (que poderia ser traduzido para “O diário de observação de Endou”).
Nesse belíssimo mangá somos apresentadas a Endou e Tsuda, dois garotos quietos que parecem não conversarem um com o outro, mesmo que um sente na frente do outro na sala de aula. Sendo assim, os únicos momentos em que há alguma interação entre ambos é na época dos testes quando têm que passar o papel da avaliação entre si.
Até que um dia, Kanzaki, amigo de Tsuda, começa a encher a paciência do colega com a história de que quer porque quer cortar o cabelo de Endou – que diz “não ter interesse” nisso. O cabeleireiro implora para Tsuda criar amizade com o menino da frente, mas ele não tem interesse na situação e resolve falar diretamente com o garoto de cabelo armado, recebendo assim uma negativa.
O que parecia estar encerrado, na verdade fez com que Tsuda passasse a observar o jovem que senta na sua frente- seu cabelo macio, seu pescoço fino, o sinal de nascença embaixo do olho… -, além de começar a incomodá-lo propositalmente. Embora ainda diga que não tem interesse nenhum no menino.
Poderia continuar a narrar os vários pequenos acontecimentos que ajudam a formar o relacionamento de Endou e Tsuda, mas isso seria tirar parte da beleza que compõe a história.
Endou-kun No Kansetsu Nikki é, além de tudo, sobre detalhes.
A história é simples, bem executada e os personagens são carismáticos, mas não é a primeira e nem será a última vez que veremos um romance entre colegiais bem (ou mal)feito. Então o que chama a atenção em Endou-kun?
Primeiramente, o traço. O que me chamou a atenção para o quadrinho foi a arte que é simplesmente linda, e olha que esse é somente o primeiro trabalho profissional da Nojiko-sensei! O uso dos quadros de fundo brancos ou negro intercalando com as onomatopeias num espaço mais ou menos organizado, além do belo uso de sombra e luz são muito bem utilizados num conjunto que faz com que até as expressões sentimentais mais simples tenham um grande impacto.
Sinceramente, tem certas páginas que eu gostaria de poder emoldurar e pendurar na minha parede, mas não tenho um quarto tão grande para isso.
A mangaká utiliza um dos artifícios mais conhecidos do shoujo mangá – a exposição dos sentimentos internos dos personagens – e mistura tudo isso com o cotidiano dos personagens principais numa narrativa não linear. Uma das coisas mais interessantes é de como as “coisas mais importantes” não são ditas, pois não há necessidade, está tudo lá – nas expressões, nos pensamentos, nas atitudes – e pode ser visto claramente.
Isso pode ser exemplificado no início quando Tsuda festá observando Endou e logo em seguida ele tem uma epifania de pensamento de uma mão puxando os cabelos do garoto de uma forma sensual, mais nada. Várias vezes os pensamentos mudos de Tsuda invadem a cena.
As obras lançadas até agora da Hayakawa Nojiko tem a peculiaridade de exibirem uma identidade visual durante a trama. Em Endou-kun seria o som do trem chegando, que possui ligação direta com umas das cenas mais importantes da história, e, toda vez que isso é lembrado, as onomatopeias se misturam com os quadros (curiosidade: isso também acontece no CD Drama). Esses são alguns dos detalhes que tornam essa obra tão interessante de se ler.
Por fim, Endou-kun no Kansetsu Nikki é um daqueles mangás que se forem licenciados nos Estados Unidos, eu compraria sem pensar duas vezes. A arte é de encher os olhos, os personagens são marcantes e a história é adorável. É um daqueles BLs que você não consegue esquecer e mais do que merece a leitura.
CD Drama
Para melhorar as coisas, Endou-kun no Kansetsu Nikki também possui um ótimo CD Drama que foi lançado em fevereiro de 2012. Tsuda foi dublado por Miura Hiroaki (Hyoga em Saint Seiya: The Hades) e na voz de Endou temos Kondo Takashi (Onodera Ritsu em Sekaiichi Hatsukoi e Hibari Kyouya em Katekyo Hitman Reborn!).
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[…] da resenha do mangá aqui. […]