Tradução: Autoras de Boy’s Love discutem o impacto da visibilidade LGBT no gênero
Essa é uma tradução do artigo do site Anime News Network: Boys-Love Authors Discuss the Impact of LGBT Awareness on BL
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Akiko Mizoguchi vem estudando sobre boy’s love há 20 anos, rastreando sua história e transformação. Em 2018 ela realizou um debate público com a novelista de BL Kaoru Iwamoto e a mangaká Asumiko Nakamura chamado “Teorizando o BL como um Gênero Transformador: Conversa de Salão – vol 1”. O sucesso foi tão grande que um segundo debate público foi realizado dia 13 de abril de 2019. Desta vez, Mizoguchi falou com as mangakás Kumota Haruko e Sakura Sawa.
Já Sakura Sawa é conhecida pelo mangá Momo to Manji, um BL que se passa no período Edo e conta a história de um kagema (termo histórico para homens profissionais do sexo). Momo to Manji ficou em primeiro lugar no Kono BL ga Yabai! de 2018.
Mizoguchi introduziu o tema com uma explicação breve sobre a história do BL. Ela disse que o BL tem representado cada vez mais, especialmente neste século, “um mundo onde protagonistas e personagens secundários agem de tal maneira a superar a discriminação e homofobia existentes na sociedade contemporânea”. Alguns protagonistas se identificam como heterossexuais no começo da história e podem até mesmo mostrar resistência ao se apaixonarem por outro homem, mas superam sua homofobia internalizada ao longo da trama, Mizoguchi adicionou.
Ela apontou os trabalhos de Kumota e Sakura como exemplos de histórias onde há quantidade significativa de conflitos internos e pediu a elas que explicassem como fizeram para representar os sentimentos dos seus personagens. As artistas mostraram quadros de seus trabalhos e explicaram as técnicas visuais por trás deles.
Mizoguchi continuou dizendo que historicamente, o BL tem sido escrito por mulheres e para mulheres, descrevendo o gênero como “fantasias femininas.” Entretanto, ressaltou que isto vem mudando conforme a popularidade do BL cresce além do nicho. Aparentemente a melhora na aceitação da comunidade LGBT no Japão tem diminuído o estigma associado aos leitores de BL, especialmente os homens. Hoje em dia não é raro encontrar quem aprecie BL como um gênero de mangá.
Kumota esclareceu nessa discussão que não considera Rakugo Shinju como sendo BL. Ela disse, rindo, que uma das diferenças entre mangá BL e mangá regular é que no BL você desenha mamilos masculinos, no mangá regular você não faz isso. Mais seriamente, entretanto, ela afirmou que “Rakugo Shinju não é uma história de amor.” Quando Mizoguchi sugeriu que o sentimento de Kikuhiko por Sukeroku poderiam ser interpretados como sendo “meio BL”, Kumota aceitou que aquela poderia ser uma interpretação válida, mas que a obra não era sobre romance.
Durante a discussão, foi apontado que o entendimento popular sobre sexualidade difere muito de acordo com o período histórico e entre culturas. Sakura, que trabalha em um mangá histórico, é particularmente sensível a essas diferenças, e mostrou à platéia várias obras de arte eróticas históricas para ilustrar como era a sexualidade no período Edo. Ela falou sobre como os atos homossexuais foram praticados mais abertamente durante as eras Tokugawa e Edo, mas foram reprimidos durante a era Meiji.
Seu mangá Momo to Manji fala sobre um ex-profissional do sexo encontrando o amor. No ponto alto da época dos kagema, eles atuavam como atores de kabuki e serviam clientes homens e mulheres. Mas na época de Momo to Manji, o trabalho de um kagema é limitado a vender o corpo. A ideia de que a orientação sexual é parte central da identidade de alguém não era difundida nessa época. Sakura teve o cuidado de mostrar a relação entre Momoki e Manji com sensibilidade e compreensão.
No final da discussão, Sakura disse que estar exposta a um público mais amplo lhe deu mais perspectiva sobre questões de gênero e sexualidade. Ela disse que sempre se interessou pelas questões dos transgêneros, mas não pensava seriamente sobre elas quando começou a desenhar mangá, mas ao longo de sua carreira aprendeu mais sobre o assunto.
O talk show foi apresentado pela Future Comics, uma empresa que lança mangás BL sob o selo digital Boys Fan. Mizoguchi publicou seu livro mais recente sobre BL, intitulado BL Shinkaron Taiwa-hen: Boys Love ga Umareru Basho (Teorizando o BL como um Gênero Transformador : visitando os locais onde o Boy’s Love nasceu), em 2017.
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