Estava no tumblr quando vi uma página de mangá BL muito bonitinha, um traço que parecia muito bom, com uma imagem que mostrava um homem de costas tatuadas, e, logo imaginei que o mangá envolvia personagens da Yakuza – o que, sinceramente, é um dos meus “temas” favoritos em yaoi. Resolvi caçar o título e dei de cara com Usagi Otoko, Tora Otoko (Rabbit Man, Tiger Man/兎オトコ虎オトコ). A história, de Honma Akira, gira em torno do relacionamento entre um médico e um chefe da Yakuza.

Um médico chamado Uzuki andava pelas ruas quando um gatinho chamou sua atenção para um beco, e, para sua surpresa, havia um homem caído ali com um grave ferimento. Seu instinto médico não permitiria, de forma alguma, deixar o pobre rapaz abandonado, então, Uzuki se prontificou a tentar cuidar do ferimento. O problema é que, assim que ele começou a prestar atenção no que estava em sua frente, percebeu que o ferimento tinha sido causado por uma bala e que o homem caído tinha uma tatuagem em suas costas. Uzuki ficou apavorado, com medo de ser atacado quando só estava tentando ajudar, já que todas as evidências indicavam que o homem estranho era provavelmente parte da Yakuza, e seu pavor aumentou ainda mais quando o tal homem recobrou a consciência. O homem pediu seu celular emprestado – leia “pediu” como “praticamente exigiu” –, e garantiu que o médico podia ir embora e deixá-lo ali, que ele seria resgatado na manhã seguinte. Apesar do receio, Uzuki estava preocupado em deixar o rapaz ali, sozinho, mas ao ouvir de sua boca que ele estranhamente era muito ligado a animais mesmo que matasse pessoas sem qualquer remorso, o medo falou mais alto e Uzuki saiu correndo, literalmente. Ele não conseguia deixar de se preocupar, mesmo com todo o pavor, e acabou voltado ao beco com materiais “roubados” do hospital onde trabalhava para tentar cuidar do ferimento mais a sério, já que o estranho se recusaria a ir num hospital.

Uzuki achou que estava livre de qualquer problema a partir daí, mas ele percebeu o quão errado estava quando o mesmo Yakuza ferido da noite anterior apareceu no hospital onde trabalhava, dizendo que procurava por alguém que salvou sua vida mas do qual ele não conseguia lembrar de nada além do nome “Suzuki” – uma pequena confusão com o nome do médico. O pobre rapaz prontamente tenta esconder sua identidade e fingir que nunca o viu antes, mas não vai ser tão fácil assim se esconder por muito tempo.

O mangá é completamente adorável. Há uma série de coisas que me fizeram gostar muito da leitura, apesar da história simples. Primeiramente, o traço é uma gracinha. Nada muito artístico ou incomum, mas a autora tem um padrão interessante, que deixa o mangá com um clima leve – apesar de eu não gostar da enorme diferença de tamanhos entre o seme e o uke, confesso. Outra coisa que me agradou muito foi a relação tigre x coelho que está em todos os capítulos, não só no título. Em alguns momentos, os personagens “se transformam” em animais, e o traço da autora só contribui para que essas cenas sejam adoráveis. O jeito com o qual a autora trabalha a personalidade do seme também me agradou muito – diferentemente de muitas histórias que tem por aí, ele não ataca ou violenta o uke, mesmo que ele seja um Yakuza. Por último, mas não menos importante, há todo um enredo envolvendo relações de poder entre gangues, e, apesar de não tomar grande parte da história, nem de ser algo muito profundo, isso deixa o mangá mais interessante.

Infelizmente – pra mim –, o mangá ainda está em andamento. Apenas o primeiro volume e alguns capítulos do segundo foram traduzidos para o inglês, e não se tem previsão pra quando os próximos capítulos vão sair. Mas, felizmente, o mangá é licenciado, e os dois primeiros volumes já foram lançados pela DMP – sem dúvida, minha próxima aquisição quando eu tiver oportunidade.