Bannin é uma coleção de três histórias diferentes divididas em quatro capítulos escrita pela nossa querida Kunieda Saika. Ao ler este mangá, é bom ter mente que seus temas não são tão leves e adoráveis, e que o enredo é diferente do que você costuma encontrar em boa parte dos mangás BL – na verdade, essa é meio que uma característica bem específica da Kunieda Saika, e, provavelmente, um dos motivos que me fazem gostar tanto dos trabalhos dela.
O primeiro capítulo do mangá é intitulado The Guardian. Estamos em uma mansão, uma espécie de casa de verão numa cidade muito parada, e, dentro dela, vivem três pessoas muito diferentes: dois homens com mais ou menos trinta anos – um deles ocupa a posição de mestre desde a morte dos pais, enquanto o outro trabalha como servo – e um jovem rapaz de dezessete anos – irmão mais novo do mestre, uma frágil criatura de pele e cabelos muito brancos e olhos vermelhos, que não pode ter qualquer contato com o sol. O capítulo é narrado pelo mestre, apesar de percebermos logo nas primeiras páginas que ele está morto, sendo enterrado pelo outro homem, enquanto o rapaz mais novo assiste à cena. O enredo gira em torno do triângulo amoroso entre eles, envolvendo relações de poder e possíveis incestos.
Show me Heaven é o nome do segundo capítulo, que tem um clima muito mais leve se comparado ao primeiro. Um homem de meia idade, parado perto de uma árvore de natal no meio de uma praça, espera, sozinho com um buquê de flores em mãos, por uma pessoa que não chega. Ele acaba sendo surpreendido por um jovem de estilo chamativo, que o aborda sem qualquer tipo de cuidado, dizendo que também acabou de levar um bolo e que os dois deviam aproveitar o resto do dia juntos. O homem não parece muito a fim, e decide ir embora depois de dar o buquê ao cara estranho porque “não serve pra mais nada mesmo”. O rapaz o segue até o convencer de que dar um passeio por aí, já que os dois não tem nada pra fazer, não custa nada, e o homem, apesar de relutante, aceita a proposta. Os dois vão parar num parque de diversões e acabam se divertindo, apesar de terem personalidades muito distintas.
A terceira parte do mangá, que tem como título The Other Side of The Sky, é dividida em dois capítulos e retoma o clima mais sombrio e pesado, contando uma história que envolve sexo não consensual de um jeito mais realista, não tão fantasioso e fetichista como acontece em muitas obras BL. Dois homens que se conheceram na época da escola, Tomotsu e Nomiya, se reúnem por causa da morte de um amigo em comum, Yousuke. No decorrer da história, é revelado que os três eram muito próximos, até que em uma noite, numa sala vazia da escola em que frequentavam, Tomotsu encontrou Yousuke tentando violentar Nomiya. Tomotsu pensou em ajudar Nomiya a se livrar do outro rapaz, mas, em vez de agir e tomar uma atitude, ele acabou ajudando Yousuke, o que fez com que ele se afastasse dos outros dois a partir do dia seguinte, numa tentativa de ignorar sua culpa. O reencontro traz muitas emoções à tona, Tomotsu se sente cada vez mais culpado, e as coisas só pioram quando ele percebe o quanto aquela noite destruiu a vida de Nomiya.
Depois de tantas fortes emoções, o último capítulo, chamado A Chance Encounter in the Cosmos, quebra completamente o clima pesado das histórias anteriores e foca numa comédia. Num ambiente espacial, em algum ponto do futuro, mais precisamente no ano 801x da “Era Cósmica”, uma guerra acontece, e o capitão de um dos lados dessa batalha não tem qualquer coisa que o classifique como bishounen. Na verdade, o capitão Klaus von Klauter faz o estilo “horroroso” mesmo, e ainda comanda uma tripulação de pessoas tão feias quanto ele. Um dia, eles capturam um soldado – muito bonito, diga-se de passagem – da tripulação inimiga, e Klaus é misericordioso o suficiente pra deixá-lo viver apesar da guerra em que se encontram. Entretanto, o capitão tem motivos pessoais para salvar a vida desse inimigo em particular.
Bem, preciso dizer que esse é, sem dúvida, um dos mangás que mais me marcaram. Os temas são diferentes, mesmo quando ela usa alguns elementos clichês ou quando um dos capítulos é relativamente mais previsível que os outros. Não só o enredo das histórias é muito interessante, como o traço da autora deixa tudo mais perfeito e visualmente marcante. Os acontecimentos podem parecer um pouco abruptos – o que talvez fosse diferente se cada uma das histórias fosse desenvolvida com mais calma em uma quantidade maior de páginas, e não em one-shots –, mas cada um dos capítulos tem início, meio e fim, e é interessante ver como em uma única coleção, a autora vai te fazer refletir sobre temas pesados, suspirar com amores nascidos em situações adversas e rir com algumas aleatoriedades. Recomendo principalmente para aqueles que estejam cansados de clichês.
Adoro o manga Bannin. Sempre busco autoras/autores que façam estórias diferentes do usual. Um pouco "barra pesada". 🙂 É por isso que não sou muito chegada a estórias sobre colegiais, mas não deixo de lê-los. O interessante nesse manga é que ela mescla estórias romanticas com outras mais sérias, mostrando a sua versatilidade.
Será que dá para comparar Kunieda com Fusanosuke? 😉
Eu compararia só em termos de ambas terem "histórias pesadas", mas ainda assim, acho que as histórias da Fusanosuke são beeeeeeem mais pesadas, em todos os sentidos, kkk. E ela tbm não trabalha com humor (não que eu me lembre), diferentemente da Kunieda, que é muito boa com comédia e trabalha muito com isso tbm. Mas aí é só minha opinião. xD
My recent post HAPPY 65TH BIRTHDAY, DAVID BOWIE↳ january 8th, 1947
Por favor, fiquei curiosa sobre a Fusanosuke xD
Gostaria de saber, é essa autora de que estão falando?
https://www.mangaupdates.com/authors.html?id=1376
Queria recomendações de titulos da autora, gosto de tragédias, pessoas que sofrem/morrem e ero-guro hahaha (só pra deixar claro que não existe tema pesado pra mim).
Acho que não da pra comprar Kunieda com Fusanosuke naum =/
Principalmente pq eu acho que só vi um final feliz num manga da Fusanosuke. (um realmente feliz! sem pessoas amputadas e essas bizarrices trágicas). Acho que Yoneda kou tem umas historias no nível da Fusanosuke.
Também gosto desse tipo de historia, é quase o seinen do yaoi
Kunieda Saika é genial *.*
8 de janeiro é tudo de bom!
Parabéns pelos comentários, também sou fascinada pelos trabalhos dela. Gosto de histórias diferentes e penso que as histórias desta artista são "cinematográficas". Imagino um bom diretor europeu fazendo um filme sobre " O Guardião". Gostaria que as histórias dela fossem traduzidas para o espanhol, pois sou lixo em inglês.