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Musical Hedwig e o Centímetro Enfurecido no Rio

Musical Hedwig e o Centímetro Enfurecido no Rio

Na última sexta, dia 16, estreou o musical Hedwig e o Centímetro Enfurecido no Teatro das Artes do Shopping da Gávea, Rio de Janeiro.

Isso mesmo, trata-se de uma adaptação do espetáculo Hedwig and The Angry Inch de John Cameron Mitchell, que baseou o filme homônimo (2001 – no Brasil Hedwig – sexo, rock e traição )!

A peça conta a história da travesti Hedwig, líder de uma banda de rock ( The Angry Inch, por aqui O Centímetro Enfurecido). Hedwig, nascido Hansel na Berlim Oriental, percorre os EUA com sua banda enquanto conta a história de sua vida e segue a turnê do popstar Tommy Gnosis, o ex-namorado que roubou suas composições.

Também conhecida como “uma odisséia do rock anatomicamente incorreta”, Hedwig mistura drama, comédia e muita música em uma história cativante e universal sobre a busca do próprio eu – e do amor.

Há alguns anos, desde que vi um documentário sobre Hedwig ( o extra do dvd americano) e soube que a peça original teve dezenas de montagem ao redor do mundo, fiquei obcecada em viajar para assisti-la. Por isso quase não acreditei quando meu noivo falou sobre a montagem tupiniquim! Passei o dia sorrindo feito uma boba, em especial quando vi a linda foto do cartaz. Não entendi como não soube da peça antes, mas não tenho do que reclamar, assisti praticamente na estréia e não precisei despencar para São Paulo para prestigiar o espetáculo.

O cantor e ator Evandro Mesquita  encarregou-se da adaptação e direção da montagem pioneira no Brasil. Os atores Pierre Baitelli e Paulo Vilhena dividem o palco no papel duplo da personagem-título Hedwig, enquanto Eline Porto, também travestida (de homem)  incorpora Yitzhak.

Para encarnar Hedwig, Pierre usa a peruca loira, mais clássica (e em um detalhe totalmente irrelevante – ou não- é a Hedwig mais bonita que já vi), já Paulo, irreconhecível, traja um modelo curto e ruivo. À princípio imaginei que os atores fossem revezar nos dias de espetáculo, mas eles atuam juntos mesmo. Esta solução é única da adaptação brasileira. Eu gostei bastante da idéia, já que Hedwig representa a dualidade e este tema está presente em toda a obra. Lindo.

Pierre também interpreta o cantor Tommy Gnosis em algumas cenas, o que também gera um conceito muito interessante e poético, já que Hedwig acredita que Tommy é a sua alma gêmea, a “metade da sua laranja”.

Embora o nome mais conhecido da peça seja o do ator Paulo Vilhena, acho que Pierre Baitelli é quem rouba a cena com sua voz, presença e beleza andrógina.

Eline Porto arrasa como o ex-travesti Yitzhak, consegue encantar mesmo ao interpretar a música d’ O Guarda Costas com Whitney Huston e quem viveu nos anos 90 sabe que isso é um grande feito. Que voz maravilhosa!

Gostei da adaptação do texto, muito dinâmico, divertido, desbocado mesmo, o que foi um alívio… !

Um dos trunfos da peça foi a regionalização do texto, citações de personalidades, gírias e outros elementos da cultura nacional que ajudaram a aproximar a história do público. Apesar disso, ao mesmo tempo, pecou pelo  excesso de expressões e frases em inglês. Havia a  necessidade de cantar “Lift up Your Hands” em inglês no Midnight Radio ? Percebi que esta escolha confundiu o público, apenas quem interagiu levantando as mãos foram as fileiras reservadas da frente, certamente compostas por colaboradores e amigos da equipe da peça e alguns fãs mais obcecados e sem noção como eu. Vimos um Hedwig quase despido de seu adorável sotaque alemão… em alguns momentos ele lembrava mais um americano.

Como a fangirl que sou, tive um pouco de medo das adaptações das músicas, já que  a maioria das canções narra a história e não podem ser adaptadas muito livremente ou perdem todo o sentido… mas no final das contas, gostei do resultado geral! (embora continue implicando com o excesso de inglês. Para quê fazer tanto paralelo com o original?) Eu não sou entendida em música, mas achei a banda excelente.

Minhas adaptações favoritas foram as canções Papa Anjo (Sugar Daddy – podem falar o que quiser, achei genial a brincadeira com nome de doces ), Peruca Encaixotada (Wig in a Box) e Mundo Cruel (Wicked Little Town), enquanto a música Centímetro Enfurecido (Angry Inch) foi da qual menos gostei. Mesmo a frase bem sacada  “agora não me enche” (I got an angry inch) não coube muito bem na boca dos cantores, achei que poderiam abusar um pouco da liberdade e cantar enche igual a inch.  Ou será que estou sendo muito preciosista?

De qualquer modo, saí dessa peça, feliz, cantando, louca para ver tudo, tudo de novo. =)

Enfim, estas são as minhas impressões, apesar das críticas inevitáveis, acho que é um espetáculo único, que merece ser visto e conhecido. Carecíamos há muito tempo de uma adaptação de Hedwig, por isso estou muito agradecida a quem quer que tenha tido esta idéia brilhante.  E como sempre ressalto aqui, quem puder deve tentar prestigiar a obra e tirar suas próprias conclusões.  Vamos ao teatro!

E AGUARDEM O NOSSO PODCAST ESPECIAL SOBRE HEDWIG!

httpv://www.youtube.com/watch?v=65_9wKW0iB0

Ficha Técnica
Elenco: Paulo Vilhena e Pierre Baitelli – Hedwig
Eline Porto – Yitzhak
Músicos: Alexandre Griva – bateria
Fabrizio Iorio – teclado
Patrick Laplan – baixo
Pedro Nogueira – guitarra
Autor: John Cameron Mitchell
Letras e Música: Stephen Trask
Tradução: Jonas Calmon Klabin
Direção e Adaptação: Evandro Mesquita
Assistente de direção: Manuela Mesquita
Co-direção Musical: Evandro Mesquita e Danilo Timm
Figurino: Marta Reis (Blue Man)
Cenografia: Suzane Queiroz (Pandega)
Iluminação: Maneco Quinderé
Produção Musical: Alexandre Griva
Programação Visual: Tania Grillo
Diretor de Projeção: John Fitzgerald
Colaboradores de projeção: Adam Kaufman, Daniel McKernan e Tânia Grillo
Visagismo: Max Weber
Preparação Vocal: Danilo Timm
Assessoria de Imprensa: Daniella Cavalcanti
Produção: Dan Klabin e Jonas Calmon Klabin
Direção de Produção: Jonas Calmon Klabin
Produção Executiva: Tathiana Mourão
Assistente de produção: Rafael Mose
Realização – Oz.
Horários
De 17 de Setembro a 06 de Novembro
Quartas e Quintas às 20h
Sextas e Sábados às 23h30
Quartas e Quintas: R$60,00
Sextas e Sábados: R$70,00



Sobre Tanko

Tanko é ilustradora e arte-finalista, viciada em podcast e café. Fujoshi, otaku, nerd e esquisitona. Vive nas montanhas chuvosas imperiais. Ver todos os tópicos de Tanko

13 Comentários a Musical Hedwig e o Centímetro Enfurecido no Rio

  1. Eu adoroooooooooo esse filme, mesmo. Fiquei curiosa sobre a adaptação.

    Espero que a peça desça ai do Rio e venha aqui para o Sul. Super vou amar conferir~

  2. Aline Barbosa

    Bem, eu amo esse filme demais (por sua culpa) e disso vc já sabe.
    Eu queria MUITO ver essa peça, viu?
    Tô aqui na torcida pra que chegue por aqui. xD

    Não posso falar muita coisa já que só vi o vídeo da Peruca Encaixotada. xD
    Fiquei curiosa (e um pouco preocupada) sobre essas duas Hedwigs, mas pelo visto, ficou legal. Gostei da adaptação da música, ficou bonito e tal, mas já nesse vídeo eles mantiveram o "I'm never turning back" e eu me perguntei por que isso… xDDD

    Enfim, adorei o texto e fiquei ainda mais curiosa! xDD

    • Bom, não sei se vai ter tipo turnê da peça, mas nunca se sabe! Ah, todo mundo que vê Hedwig acaba gostando, pelo menos um pouquinho! O mérito é da obra.

      A questão das duas Hedwigs, né… bom, eu gostei da solução em termos de texto, fica bacana no palco em certas cenas, mas acho que o problema é a diferença de qualidade dos atores. Paulo Vilhena se esforça, mas não tem a mesma experiência em musical e isso dá para notar, em especial quando se canta em inglês!

      Mais um motivo para não gostar do excesso de inglês, evidenciou falhas, gerou algumas comparações indesejáveis com o original (tipo, olha como "I got an Angry Inch" fica melhor que "agora não me enche"! – Mas é claro, pô!!). Tem hora que gerou piada, como no caso do "back" aí, mas na maioria das vezes põe um pouco para baixo.

      Não acho que nada disso tire a diversão ou a validade da peça, mas são problemas que existem na minha humilde opinião de fã selvagem. XD

  3. Agora que eu quero ver mais ainda!!! Até perdoo ter Paulo Vilhena na peça.

    Adoro Wig in a box e A-M-O The Origin of Love, queria ver como ficou em português apesar das adaptações.

    Lembrei que essa é uma trilha sonora que ainda não tenho, PRECISO dela NOW!

    Vou ficar depressiva o resto da tarde, to já indo a pé pro Rio ><

  4. andylee

    GENTE, QUE FELIZ. A notícia do dia!
    Eu sou apaixonada por esse musical!
    The Origin of Love é uma das músicas mais lindas que já ouvi. PRECISO ir ver, o mais rápido possível! Excesso de frases com exclamação para expressar minha felicidade! :p

    "Vamos ao teatro!" [2]
    É nessas horas que me orgulho de morar no Rio… Pelo menos isso! 😀

    Não posso esperar para ir ver.

  5. Loupee

    Caraca, isso PRECISA descer pra Porto Alegre!!

  6. talita gomes

    eu vi tb pq amo teatro e musicais e digo que vale a pena!!! vc sai com as musicas na cabeça e com um sorriso estampado no rosto
    é bem legal.

    • Depois de assistir eu só consigo pensar em Hedwig. ^^

      Quero ver todas as montagens desta peça do mundo! Quero rever esta também! *o*

  7. Ye-chan

    Ah, como eu queria morar no Rio agora… Fiquei super curiosa pra ver essa peça. Não tinha conhecimento da história e tal. Se vier pra cá (ou perto daqui ne) eu concerteza irei. e.e

    • Bom, pode começar assistindo o filme, que vale a pena, é lindo. Dá vontade de se tatuar como Hedwig.

  8. Diego Santos

    Olá!

    Eu assisti os ensaios musicais de Hedwig, antes do musical propriamente dito estrear. Sai dos ensaios muito entusiasmando, pela duplinha inclusive (sempre odiei paulo vilhena, mas no ensaio ele me surpreendeu e até sentou no meu colo para cantar uma música…hehehehe).

    Já ao assistir o espetáculo completo, realmente, o excesso de inglês incomoda um pouco. Mas a peça, a historia ,e as musicas são mt boas. Adoro Sugar Daddy e adorei Papa anjo. hehehe

    A peruca encaixotada também ficou legal. Não curti tanto a historia do amor… (nem lembro se foi esse o titulo da tradução), as no geral adorei o musical. Só sai com uma impressão ruim: pierre baitelli é sensacional e muuuito melhor que o vilhena, e nos ensaios ele tinha mais destaque. No musical mesmo eu achei q tentaram dar destaque pro paulo, pq ele é mais conhecido né, mas isso só serve pra deixar o pierre com mais brilho. E também confesso que nos ensaios havia ainda mais energia do que no musical, mas talvez deva ser pq eu vi na estréia, devia haver um nervosismo grande. e tal…

    mas recomendo muitissimo, mesmo pra quem já é fã do filme ou mesmo que nunca viu.

    • Pois é, o Paulo (nada contra, mas também não posso dizer que sou fã e nem que me empolguei em saber que ele seria Hedwig) não tem experiência com musical e isso dá para notar, acho que esse é o problema. Se eu soubesse dos ensaios antes, teria ido com certeza! Mas eu ainda vou voltar antes do final da temporada!

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